AL QAEDA – PARTE III – O ALVO – continuação parte III
Compra dos artefatos: Como comprar os artefatos explosivos sem deixar rastro? Fruto de diversas reuniões com meu parceiro, reuniões essas que combinamos ser sempre em nosso terreno 7x4 da Paineira, pois era o único lugar que poderíamos ver alguém se aproximar, mudamos o horário das reuniões para evitar a presença dos demais freqüentadores. Nós comprar? Nem falar, Santa Maria era uma cidade que quase todo mundo se conhecia, seria fácil seguir o rastro deixado. Toda solução tinha um ponto negativo, pensamos no Nego Zebino, mas ele iria levantar suspeita por ser muito chegado aos freqüentadores do terreno, a solução seria alguém de fora, fomos atrás. Na antiga Avenida Ypiranga, hoje Presidente Vargas, perto do Colégio Cilon Rosa havia o Edifício do IPASE, onde reinava soberano o Nico, figura semelhante ao Nego Zebino que cobrava “pedágio” da gurizada que passava por ali, parecido com o Zebino, mas muito mais violento, também meu amigo, pois sempre nas entregas de pães que fazia para meus pais, parava ali, descia do carro, conversava um pouco com ele, comíamos biscoitos, bolachas ou qualquer coisa que tivesse na camionete e isto o agradava, sempre esperava por mim para matar a fome e bater um papo (comecei a dirigir cedo mesmo, não para passear, mas sim para entregar pão, passear somente nos finais de semana se os irmãos mais velhos não saíssem com o único carro da familia). Encomenda feita, mercadoria entregue sem nenhuma suspeita, Nico era discreto, não perguntava nada, para que eu queria, porque eu não comprava, fornecedor perfeito, mercadoria na mão, fomos para a ação.
O fato concreto, ação: Reunião cedo no terreno, logo depois do almoço, antes que outros colegas cruzassem por ali para subirmos juntos a ladeira da Conde rumo ao colégio. Combinamos que seria necessário um teste antes da missão final. Hora de recreio, o banheiro que usávamos era do lado da sala da diretora, quase em frente a secretaria, ponto perfeito para o primeiro teste, risco alto, mas se fossemos descobertos, seria apenas uma bombinha no banheiro, travessura quase que comum, expulsão não, suspensão talvez, mas pena suportável, nada demais. No primeiro ensaio não acionamos a bomba, somente cronometramos tempo e circulação de colegas, assistentes e direção, tudo planejado no outro dia partimos para ação concreta do teste. Cigarro e bomba na mão, lá fui eu depois do sinal verde do parceiro, instalei ao lado de um dos vasos sanitários, sai na senha do amigo, fomos para a sala de aula sentamos...e minutos depois se ouviu umBUMMMMMMMMMMMMMM!!!!! Enorme, ensurdecedor, fingimos susto, todo mundo correu para a janela, claro que nós também seguimos os colegas e comentamos o fato com tamanha dissimulação que parecia que acreditávamos que não tinha sido nós. Deixamos passar mais de uma semana para a ação final, qual o objetivo?
O lixeiro da sala da direção, missão de altíssimo risco, expulsão na certa, talvez até delegacia de polícia, mas que nada, estávamos determinados. Invertidos os papéis lá foi meu amigo, companheiro e parceiro, cigarro na mão, bomba no bolso, tivemos que abortar a missão três vezes por presença de assistentes, colegas ou simplesmente falta de segurança nossa, o meu amigo só colocaria o cigarro aceso na bomba quando recebesse de mim a senha, pois o risco era grande, acender o cigarro no banheiro, vir para o corredor, entrar na sala da direção e colocar o artefato no lixeiro, era uma missão realmente perigosa. Na quarta tentativa dei a senha de ação e meu amigo agiu com precisão cirúrgica, colocou aquela preciosidade no lixeiro feito de madeira compensada, aquela madeira que usávamos para trabalhos manuais, tinha quatro lados e na parte superior da cada lado tinha duas ondulações que pareciam montes, mas na nossas cabeças, mais pareciam duas nádegas. Feito o serviço, procedemos como antes, sala de aula, sentados e novamente BUMMMMMMMMMMMMMM!!!!! ai foi só risadas todos achavam que era novamente nos banheiros. Soubemos, depois que os pedaços do lixeiro voaram por toda sala, algumas das nádegas se separaram com a explosão, a diretora passou mal, nunca soubemos se ela se encontrava na sala, toda direção do colégio parece que fez de conta que nada houve, não teve interrogatórios, perguntas, nada, motivo pelo qual ficamos ainda mis vigilantes. Percebendo a fraqueza da segurança do colégio, na hora da entrada, saída e recreio, até as faxineiras ficavam nos corredores desde o ocorrido. Foi a última molecagem da dupla, a satisfação de ter cumprido a missão nos acalmou e só voltou a tona no conto que o Jacob narrou da peladagem geral, onde fomos atores atuantes, até a mão nas nádegas do Claudionor colocamos, tendo como troféu uma pequena suspensão de sete dias, encaramos esta suspensão também como pena da molecagem do ano anterior e nos consideramos absolvidos.
Limpeza das Provas: Desde o momento que pegamos os artefatos com o Nico (personagem que com certeza Jairzinho Alan e Lebrão conheceram), tivemos um cuidado enorme com a limpeza total de qualquer tipo de prova, os artefatos estavam sempre dentro de plásticos, usávamos sacos plásticos nas mãos para evitar cheiro de pólvora, cigarro, impressões digitais etc... as bombas estavam armazenadas na casa de meu avô na Tuiuti, perto da padaria, onde tinha um chalé nos fundos que usávamos para estudar, fazer festa, e os meus dois irmãos mais velhos, Solano e Eugenio até ensaiaram um conjunto musical juntamente co o Luizinho do pistom da banda do Maria Rocha, depois da Charanga da Engenharia e outros músicos sonhadores que não lembro quem eram, mas na realidade só o Luizinho realmente era músico, motivo pelo qual o conjunto não prosperou. Terminada a missão estávamos pronto para enfrentar o terceiro ano, o vestibular e a faculdade, eu na Engenharia e ele, meu amigo e parceiro na Medicina, é tudo que posso falar da identidade de meu parceiro. Ele com certeza vai ler este texto e se ele não se denunciar por e-mail, em nossas conversas anteriores ao encontro, serei obrigado a denunciá-lo durante o encontro. Tentarei nos próximos dias relatar o convívio de quatro pré-vestibulandos que se enfurnaram em uma cabana no Pinhal, cujo diário que fizemos com o maior cuidado sumiu, mas minha memória tentará refazer os fatos mais picantes. Preparem-se Chico, Claudião e Marinho, todos vocês tem história lá, o único santo era eu, pois já tinha cometido todos os pecados no Maria Rocha. Dona Darcila, professores e colegas, a todos peço que não levem em consideração os erros de português, concordância etc...pois estas estórias misturando realidade com um pouquinho de ficção, mas bem pouquinho, foram digitados, corrigidos somente pelo Word para não ter erros ainda mais grosseiros, e mandado no original para vocês. Até breve.
Enio Krum
Loucuras do meu irmão.
ResponderExcluirBota segredo nisto, 41 anos.
Eu pelo menos e, acho que o resto da família, desconhecíamos o lado "terrorista" deste alemão.
Ainda bem que, "acho" que parou por aí.
Talvez no encontro dos 50 possam surgir novas revelações e, quem sabe, all kaeda e 11 de setembro possa ter tido outros personagens.
Abç
Solano
Bom Enio, até o episodio da bomba pela basculante da casa eu lembrava, pois acho que estava junto!!! Desta ultima parte não lembrava. Mas, tenho um palpite sobre quem seja o cúmplice, mas vamos manter o suspense!
ResponderExcluirBoas memorias!!! Parabéns!
Abraços!!!
LMB
Eu acho que sei quem é o "terrorista", pessoa acima de qualquer suspeita. Mas vou deixar que o Enio faça a revelação.
ResponderExcluirGrande abraço
Luis Carlos Werberich
Acho que o Enio ainda não concluiu sua narrativa...
ResponderExcluirNão seriam, ele e seu cúmplice secreto, os autores das ameaças de bomba que ocorreram no período da suspensão coletiva?
Lembro que no período da suspensão telefonavam para o IMA ameaçando colocar uma bomba lá.
Até que um dia fomos chamados a uma reunião com o Diretor e, no momento em que estávamos na sala, alguém telefonou e disse que o "bombista" não era nenhum de nós, seria alguém de fora do grupo, apesar de desconfiar de alguém, nunca soube que teria sido, seria este teu "cúmplice"?
O que tu sabes disto seu precursor e, quem sabe, criador da Al Qaeda.
Aldo Luiz Grassi
Aldo Caveira Grassi
ResponderExcluirNão éramos amadores, a dupla estava presente na reunião com o diretor, ameaças? Jamais, já havíamos nos aposentado.
abçs
Enio
Oh! Solano!
ResponderExcluirO Eninho "Beleza Madura" é o pequeno da família é deve ter aprendido seguindo o exemplo dos irmãos mais velhos!???!!
Acho que ainda teremos mais revelações surpreendentes antes do "cinco de outubro"!
Super abraço!
Kimura
Depois desta história, acredito que a história da zona é verdade, não é lenda. És capaz de ter feito isto.
ResponderExcluirQuando eras moleque preparaste uma armadilha para mim. Era noite. Colocaste uma lata d´água em cima de um carro e amarrou a lata com um barbante na janela da padaria, de formas, que ao passar, se não visse o barbante, derrubaria a lata d'água e me molharia todo. Só que eu vi o barbante, passei por baixo e depois puxei estragando a tua armadilha. Fiquei na esquina de soslaio esperando alguém sair para rearmar a armadilha e, se fosse de um físico semelhante ao meu, partir pro pau. Mas me viste na esquina e voltaste correndo para dentro.
Jair Alan Côrtes Siqueira
O Nico tinha uma perna mais grossa e um chute poderoso com ela. Jogava futebol no 7 de setembro, time, cuja sede, era na minha casa. Não sei se era bom de briga, mas arrotava valentia como poucos. Na minha casa a gente lutava box seguidamente, mas o Nico se recusava a participar. Isso depois que o Paulinho Pororó apareceu lá e apanhou de todo mundo. O Pororó vivia sempre se gabando de ter dado um pau em alguém. Pura garganta. Lá em casa, ele apareceu para ver o meu irmão mais velho e colocamos ele na roda de lutas. Ele se recusou, tentou fugir, mas não deixamos.
ResponderExcluirSorteamos as lutas e ele caiu pra mim. Pensei que iria levar a maior surra da minha vida. Nunca dei tanto soco com tamanha facilidade em alguém. O cara só vinha no mata-cobra e deixava toda a guarda livre, era uma moleza acertá-lo. Até o Pato que apanhava pra todo mundo cagou de pau o Pororó. Depois deste dia, ele nunca mais cantou vantagem. Tentou uma vez, mas foi desmascarado. Alguns anos depois, virou um marginal, gigolô, ladrão de carro e foi morto por uns desafetos. Não deixou saudade.
Jair Alan Côrtes Siqueira
Mas tu és um ... danado, seu Enio!
ResponderExcluirE agora? Nem previsão para o próximo capítulo?
Vou reclamar ao Presidente.
Não lembrava da "ficha corrida" do Nabor, por onde ele anda?
Abraço
MHelena Rigão
Enio, que beleza de narrativa. Não fica preocupado em revelar estes segredos pois estes "atos terroristas" já prescreveram. Saudades do Rogério, grande amigo.
ResponderExcluirLuis Carlos Werberich
Não conhecia esse teu lado, Enio!
ResponderExcluirMais um candidato à Academia!
Parabéns!
Aquidaban
Parabéns, Enio!!!
ResponderExcluirMuito boas as histórias e os relatos.
Um abraço,
Marcelo Cóser
Rapaz, voces nao vão acreditar: aqui quem escreve é Luiz Dias, o tal Luizinho trompetista da Banda do Maria Rocha, citado pelo Enio Krum. Cheguei aqui através do google, procurando "banda maria rocha". Não participei da historia das bombas e entrei para a Engenharia em 70... continuei ainda tocando na banda uns 3 anos.... Depois me tornei engenheiro, mas de vez em quando toco, agora percussão. Vejam, no link abaixo, eu tocando com uma grande banda, no Teatro Rival- Rio' em evento com fim beneficente. Abraço a todos
ResponderExcluirLuiz Dias
https://www.youtube.com/user/footkeys