Nem sei como, mas durante algum período uma corneta emprestada da nossa Banda circulava de mão em mão a fazer barulho por todos os cantos da cidade de Santa Maria. E de sons em sons, todos os habitantes deste acolhedor lugar, passaram a se perguntar de onde vinha aquele estranho barulho que, sem nenhuma apresentação de bandas ou orquestras, a ocorrer pelas redondezas, sempre ecoava de onde menos se esperava. E assim foi até que em um belo dia esse estupendo instrumento de sopro caiu nas mão de um grupo seleto de amigos do colégio, que resolveram guardar num apartamento do Edifício Centenário, lá na Rua do Acampamento, morada de nosso valoroso Asdrubal, menos conhecido por Kimura. Por ser moradia de seu querido pai e serem somente os dois a habitarem o imóvel, sempre nas longas manhãs, e nos finais da tarde, o apartamento estava inteiro ao nosso dispor, ou seja, nenhuma repressão a vista. E era o lindo toque estridente da corneta, lá de cima do edifício, a azucrinar quem quer que por essas bandas estivesse passando. E a melhorar tudo, e aumentar o número de vítimas, na frente da janela de um dos quartos, com bela vista para a Rua José Bonifácio, uma importante parada de ônibus a aglomerar pessoas que em busca de transporte aguardavam pacientemente seu ônibus. Era parada de ônibus daquelas que juntava um bom número de pessoas. E daí o inicio despretensioso da inocente brincadeira, um sopro forte, um ruído alto e estridente, a marcar com sons aquele lado da cidade. Ocorre então que ao soar o toque da corneta, todos nessa parada de ônibus abandonando o estado zumbi, situação normal em locais desse tipo se voltaram espantados para todos os lados, menos para o local de onde partia o som. E tudo ficou melhor, quando, persiana baixa, corneteiro agachado e os demais observando escondidos, a ordem de soar o estridente instrumento, a causar grande susto e o espanto, passa a tomar conta de todos os pacatos e silenciosos cidadãos que em pé ficavam a aguardar o coletivo que iria devolve-los a suas casas ou trabalho dependendo do destino desejado. E era maravilhoso, pois bastava o sopro, o som, o susto, a observação e todos a se jogar na cama daquele quarto, sentindo falta de ar e dor no peito de tanto dar gargalhadas e, rolando pelo chão, caiam da cama por não conseguir permanecer imóveis, com o corpo a se sacudir sem parar. E assim tudo ia se sucedendo até o momento que a parada ficava deserta, no intervalo de minutos, quando todos embarcavam e ninguém ainda tinha chegado para o próximo embarque. E num determinado momento, um belo casal de ardentes namorados se aproximou da parada. Frisson total com o que poderia acontecer. Todos a postos a aguardar novos movimentos e instruções para o inicio de novos toques a ser produzido pela mágica corneta. O rapaz, olhando para os lados, parecendo ter más intenções de conduzir a inocente moça para caminhos tenebrosos, nos fez temer pelo destino da pureza da inocente. Final de tarde, crepúsculo se aproximando, romantismo no ar e um cantinho apropriado para uns "amassos", um pouco afastado do abrigo da parada, e a troca desejosa de olhares eram motivos suficientes para grande apreensão. Não podemos ficar inertes. Caso fosse filha de algum de nós, era obrigação conserva-la virgem até a subida nos degraus do altar na igreja. E assim seria. Uma mão boba tocando ali, um toque estridente da corneta, o olhar amedrontado do rapaz, e a recomposição da postura da moça. Passado algum tempo, silencio total, ambiente novamente propício e como peixe a fisgar uma isca, esperávamos manobra mais ousada que a anterior. E quando os lábios iriam encontrar outros lábios, pois a mão há muito quase tudo já havia vasculhado, novamente o som e desta vez mais forte. Espanto maior, susto geral, o ar a faltar lá das alturas daquela janela que, entre saltos e pulos, com o corpo quase explodindo a segurar o som abafado das risadas que podiam ser ouvidas lá na Praça Saldanha Marinho. Mais uma tentativa, e desta vez consideramos demasiada ousadia e nem permitimos aproximação ao lado do pescoço semi virgem da rapariga. Mil sopros a emitir sons fortíssimos daquela corneta. Vendo que o fracasso era absolutamente certo e o sossego jamais iria nesse encontro reinar, desgostoso, frustrado e totalmente impotente o pobre rapaz desiludido da vida despediu-se da moça e cabisbaixo entrou no coletivo para nunca mais naquela parada tentar qualquer abuso que se caracterizasse atentado violento ao pudor. E os componentes valorosos do Grupo pela Moral e Virgindade Alheia, O GMVA, a partir daquela data nunca mais se afastou do nobre instrumento que garantiu, por bom tempo, a manutenção da virgindade nas relações, até a hora do sagrado enlace do matrimônio. Passamos a ser financiados por pais desconfiados do comportamentos de suas não muito santas filhas. Em reunião da diretoria do GMVA, foi deliberado se caso a moça necessitasse ou quisesse algum treinamento, para não fazer feio na lua de mel, os “membros” da diretoria poderiam ajuda-la. E quanto ao rapaz da parada, parece que toda a vez que ouve o toque de instrumento de sopro ele ingere 2 comprimidos de Viagra para evitar qualquer recaída de seu “instrumento” causada pela lembrança de trágico encontro.
MAS QUE DISFUNÇÃO ERÉTIL!!! MAS QUE BARBARIDADE!!!!
Jacob Chamis
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