quinta-feira, 19 de setembro de 2013

RITMOS ALUCIANTES - FLASH MOB 19/09

Nota do autor
Com a lúcida intervenção do brilhante Sr. Aldo Luis Grassi, e lembrança de Enio Mac krum, surge do ocaso de minhas lembranças essa linda e harmoniosa história.
Graciosas cenas em tomadas externas em 2D transversal ( moderna técnica da época). E que maravilha, pois pipocam de todos os cantos história espetaculares. 
A vida em movimento segue ritmos trazidos desde nossa mais primordial morada, o útero materno. Ainda em seu interior, balançando no ritmo das batidas do coração de quem tão dedicadamente nos carrega, a vida dá seu iniciais movimentos antes mesmo de seus primeiros passos. E a crescer, é neles, balanços e movimentos ritmados ao som de músicas reais ou imaginárias, que nos inspiramos a buscar oportunidades de aproximação com nossos iguais contrários, para, conquistando e seduzindo nunca mais nos afastarmos de doces e harmônicos sons. E assim fomos crescendo, buscando movimentos e ritmos que encantam ou enlouquecem sensíveis ouvidos alheios. Lembro de ganhar tambores para criar e emitir sons estridentes, sem ritmos, muito desafinados além de horrorosos, altos e insuportáveis. As vezes era obrigado, em reuniões familiares, acompanhar e ouvir meus irmãos ensaiarem seus sons e barulhos com seus imprestáveis instrumentos musicais. Certamente era preferível ser submetidos a castigos e escravidão familiar a ter de suportar tais ensaios. E sei que em todos os lares assim também era. E fomos crescendo, feito rebanho, nós todos, do mesmo modo, com as mesmas coisas e destinos parecidos. E a musica a nos acompanhar. Lembro de participar de serenatas e voltar para casa triste e rico. Tristeza pela namorada não conquistada por falta de qualidade musical. Rico pelo pagamento ofertado pelos vizinhos da amada que, ao se cotizarem, pagavam para o imediato encerramento de tão desafinada declaração musical de amor. E sempre cantarolando, continuamos crescendo procurando levar uma vida bela e sonora com músicas a encher corações e mentes, com lindas declarações de amor ao lado do ouvido sempre embaladas por lindas e românticas canções. Tudo era maravilhoso desde que o papel de cantante fosse por outro exercido. A vida continua, a escola continua, amigos viram colegas, colegas viram companheiros e companheiros viram irmãos. E sempre ela, a música, a traçar destinos e rabiscar relações. Então vem a Banda e a musicalidade entre corpo a dentro vai se alojar lá no fundo de nossos corações. E a cantarolar os dias dançam sob nossos pés e a vida passa para dimensões nunca imaginadas. A marchar ou dançar, nossos ritmos invadem casas, repartições, lojas, consultórios, salões e salas de aulas. Não tem como interromper esse fluxo de sangue dançando em nossas veias. E tudo aconteceu. E foi assim, bem desse modo que tudo ocorreu. E foi num despretensioso dia, em improvável improviso, que tudo se realizou. Como alucinados, cantarolando e balançando seguindo tons e sons imaginários, todo o pátio, do Oiapoque do muro da Niederauer ao Chui do lado do pavilhão, feito o balé de Michael Jackson na música Thriller, todos com pés se arrastando e corpos se balançando avançam num mesmo compasso em direção ao centro geográfico do pátio. E miraculosamente nada se afasta do ritmo e harmonia. Vista em filmagem aérea possivelmente naquele exato momento, o Clip da música do Sr. Jackson teve como inspiração nossos belos movimentos. E foi lindo, todos em ritmos, balanços e movimentos, em compasso mágico a marchar, se aproximam perigosamente da porta principal de acesso aos corredores que levam todos a sala de aula. E como parar? Não podemos parar. E como uma onda fora de controle, sem vacilo algum, a imensidão de movimentos e batidas invade tudo o que surge pela frente sem que se tenha perdido sua controlada majestade. Em uníssono, vários tons produzidos por tantas pessoas ao mesmo tempo pareciam enlouquecer e paralisar quem a tudo assistia. E a batida alucinada da sineta e os estridentes gritos do corpo repressor da escola pareceu acordar todos de tão lindo sonho. Quem comandou, quem participou, quem fugiu, isso não importa. O que realmente interessa foi o revolucionário espetáculo de luzes imaginárias e sons reais que entrada tão triunfal produziu. Parece que naquela noite todos, inclusive as repressoras, adormeceram com sorriso nos lábios, lindos sons no coração e com seus pezinhos a balançar em suaves movimentos ritmados para fora dos lençóis, lá no final de suas aconchegantes camas. Dizem também que o entusiasmo do público do lado de fora dos portões foi tão grande que alguém, vindo dos estúdios da TV Imembuí entrou em contato com Hollywood dizendo ter sido inventado, numa tal escola chamada Maria Rocha, um movimento alucinante que a todos contagia, hoje conhecido como FlashMob, ( movimentos instantâneos de pessoas, parecendo combinado), que na época foi originalmente batizado de “ Te Sacode Vivente”. Que espetáculo. Que gineteada. Mas que barbaridade!!!!
Jacob Chamis

3 comentários:

  1. Grande Jacó!
    Quanto mais leio tuas escritas mais tenho certeza que estás na profissão errada!
    Mestre das letras!
    Te cuida Pablo Neruda!
    Espetáculo! Nunca uma bagunça foi tão bem descrita - até parece que fizemos a coisa certa....BLZ!
    Saudações farroupilhas!
    Não te afrouxa, galo véio - continua com teus versos! Estão melhor que beijo de prima!
    Hj fui o primeiro!! Putz, tenho uma reunião agora - Tchau
    abr

    Gerry F. Corino

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  2. Grande Jacob! Quanto mais te leio, mais me encantam os teus escritos. Onde estavas antes de agora? E o que fazias que antes não escrevias com tamanha criatividade, sensibilidade e ritmo
    absolutamente encantadores? Parabéns de novo.
    Abraço e cumprimentos,

    Vera Pinheiro

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  3. Grande Jacob!
    Além do agradável estilo narrativo já exaltado por nós, foi boa a alusão do fato preceder ao flash mob.
    E, que no nosso caso veio a ser aprimorado no Parque de Moto, marchando e cantando..., “e o MATBEL???, vai engraxando...”. Ahhahahah!!!

    Abração,
    Marcelo Cóser

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