Na anterior história, o ataque aos membros do “desvestirse en la escuela” causou espanto e aflição pelos
descartes dos inocentes pelados. Essa história já ficou para trás. A
continuação segue abaixo:
Na semana seguinte após o
ritual da Roupa Retirada dos Retirantes, operação 3R, o enfrentamento com os
dirigentes escolares transtornou nossa vida escolar. Todos os participantes do
grupo “Pintos Pintados”, precursor dos “Caras Pintadas”, adentraram ao IMA na
2ª feira seguinte na ponta dos pés para não serem notados. Arrastando a própria
bunda na parede, e as vezes rastejando, sentaram em seus lugares
silenciosamente. Ao passar pela pequenina saleta da direção um dos
retardatários (CWR)foi literalmente caçado pela Assistente que sorrateiramente
esperava pela oportunidade. Disse a autoridade escolar que ele tinha sido
reconhecido pela pequena cicatriz na bolsa testicular, a mostra no momento que
foi despido, e ela precisaria apalpar para comprovação. Essa conversa não
possui testemunhas, mas criou clima entre ambos pela maneira que se olhavam nas
seções de torturas. Mas sem devaneios e voltando aos fatos, foi sorte do membro
que ao ingressar na saleta foi visto por um colega que passava bem na hora pela
porta que foi abruptamente fechada. Ofegante, o amigo (EK) estridentemente
gritou: “ Todos os que pelaram desçam a Secretaria, pois a roupa vai para o
varal (senha secreta). Foi um terremoto humano com cadeiras, cadernos e canetas
saltando para todos os lado e a correria, pela escada e corredor, parecia o fim
do IMA. O prédio estava por ruir. Sobrou solidariedade e rapidamente várias
centenas de correligionários cúmplices se ofereceram à resistência. Vestindo
eslaques, usando frasqueiras e laquê nos cabelos, entreveradas e saltitantes, a
frente da enorme multidão, se apresentaram as meninas que já com a maioridade
próxima, se sentiram fortes e quase independentes. Ao contemplar tal cena a
Assistente estarrecida tremeu, pois não imaginava meninas envolvidas com os despudorados.
Entre cochichos ouviu-se o comentário entre as mais exaltadas:”Eu nem estava
presente, mas se hoje pelarem alguém não perco por nada desse mundo”. Grande
decepção pois a tensa reunião foi apenas entre os vinte membros, a portas
fechadas. O que lá dentro ocorreu lá morreu, pois ninguém nunca soube. Heróis,
vítimas, inocentes e oprimidos estes os adjetivos empregados pela grande Banca
de Advogados contratada com o dinheiro da vaquinha feita de última hora, que
inutilmente tentou livrar todos dos pesados castigos. Descobriram, a
posteriores, que a Banca era formada por alunos do próprio Maria Rocha,
disfarçados. Fiasco total, pois as penas foram aumentados pelo enorme deboche.
E nas várias reuniões o tom das ameaças se elevava pelo sólido pacto de
silêncio entre os “peladinhos”. Várias seções de acareações, no caso não seria
a cara mas sim a bunda, ou seja, uma “abundação” para arrancar o nome dos
verdadeiros culpados. Seções muito tensas, grupo suando, chorando e sentindo
cólicas intrauterinas fortíssimas( nenhum útero entre os nus, mas segundo eles
a dor era do tipo). Pura desmoralização para a escola alguém disse, e foi isso
que determinou a necessidade de limpar o nome do estabelecimento escolar.
Épocas difíceis, Anos de Chumbo e a ditadura militar enxergando conotações
subversivas quase despejou todos nos porões do Doi-Codi. A turma do deixa disso
salvou os meliantes, já fichados e para encerrar o caso quatro afastados
para sempre e vinte temporariamente. Entre os não afastados estava eu, belo
rapaz, dito por uma das professoras. A partir dessa data tornei-me “D2”, ou
seja, assessor Direto e Diário das professoras até o fim dos meus dias
escolares. Que final feliz. Lamento o preço pago pelos “Nuzinhos”. Agradeço a
boa vida que me proporcionaram. Viva os inocentes. Castigo aos culpados. ( mas
que barbaridade).
Jacob Chamis
Realmente, "Pintos Pintados" é o must do must!
ResponderExcluirChristina Trevisan
Grande Jacob
ResponderExcluirOs "pintos pintados" e o "reconhecimento da cicatriz na bolsa testicular" foi o máximo.
Tá muito bom!
Luis Carlos Werberich
Grande Jacob, para concluir relato tão comovente e emocionante com a pompa merecida, se faz necessário um terceiro ato e assim concluir a trilogia.
ResponderExcluirPara completar, o melhor, escrever o roteiro de PELADOS EM SANTA MARIA: o filme.
Obs1: como única exigência para assinar contrato da provável futura venda dos direitos do filme, que para a interpretação do meu dramático papel só de cuecas, abandonado em outra lixeira, com os pés para fora sem condições de sozinho desembarcar de tão nobre local, ninguém menos que Daniel Day-Lewis.
(que barbaridade!!!)
Claudio Weissheimer Roth
Jacob,
ResponderExcluirHj tu superou as expectativas! Eu estava de prontidão aguardando a história e também estória!
"Pintos pintados, precursor dos Caras Pintadas" .....foi demais! Muito bom! KKKKKKKKKKK
Grande abraço Jacob " Coelho" Chamis!
Gerry Corino
Como de hábito, SENSACIONAL!!!!
ResponderExcluirPrecedido do anúncio do lançamento ficou melhor ainda. Criou a expectativa, não frustrada.
E com pontualidade!
Ponto para o redator e para os patrocinadores.
E o texto..., é muito hilário!!! Show!!!
Abc, e bom fim de semana a todos!
Marcelo Cóser
Jacoooooob!!!!
ResponderExcluirTá o máximo!!! Presentão para uma sexta-feira!
Observando: ontem pensei que fosse sexta, fiquei esperando! Moscona!
Beijão, palmas e holofotes!
Chris
Ainda faltam "histórias" nesta história...
ResponderExcluirContinua Jacob, segue em frente...
Estamos na espera
Engº Aldo Luiz Grassi
Pessoal, dias desses já tinham se referido a Cirylinha.
ResponderExcluirDe fato, a Cirylinha era do tempo dos anexos de madeira e mãe da Ângela, mas não mãe da nossa colega Angela Agostini, minha prima e que morava no Edifício Mauá.
E se não falha a memória a secretária do IMA era a Cecília.
40 anos é tempo suficiente para esquecermos de partes do melhor e do pior....lembro que perdi essa por não ter ido na aula naquele sábado fatídico. Mas participei ativamente dos "treinos" nos dias anteriores. Até hoje me arrependo de ter faltado no sábado. Nunca esqueço da cara do Agostini quando chegou, dias depois, para dar aulas e só encontrou eu e o Luis Antonio Pascotto de homem na sala. Todos os outros tinham sido suspensos. O Pascotto, tudo bem, aluno exemplar, melhores notas da turma, nunca participaria disso, etc.. Mas EU??? Assim ficamos por uma semana. Lembrem que tudo começou por causa das ceroulas que alguns usavam, inclusive o Cláudio. Também lembro que o verdadeiro denunciante foi o Sr. Tobias (??) que era o proprietário da Casa Paulista, logo abaixo do IMA que serviu de refúgio aos pelados. Nossa assistente, se bem lembro, era uma sra. baixinha (Cirylinha???). E a ignição para o fato, que já vinha sendo ensaiado antes, foi uma jarra de caipirinha do bar do seu Claudino Menezes que ficava logo em frente. Se puxarem mais pela memória, fatos isolados vão se somando e verdade vai acabar vindo a tona.
ResponderExcluirAbraço, Brutti