segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A CORNETA DA BANDA

Nem sei como, mas durante algum período uma corneta emprestada da nossa Banda circulava de mão em mão a fazer barulho por todos os cantos da cidade de Santa Maria. E de sons em sons, todos os habitantes deste acolhedor lugar, passaram a se perguntar de onde vinha aquele estranho barulho que, sem nenhuma apresentação de bandas ou orquestras, a ocorrer pelas redondezas, sempre ecoava de onde menos se esperava. E assim foi até que em um belo dia esse estupendo instrumento de sopro caiu nas mão de um grupo seleto de amigos do colégio, que resolveram guardar num apartamento do Edifício Centenário, lá na Rua do Acampamento, morada de nosso valoroso Asdrubal, menos conhecido por Kimura. Por ser moradia de seu querido pai e serem somente os dois a habitarem o imóvel, sempre nas longas manhãs, e nos finais da tarde, o apartamento estava inteiro ao nosso dispor, ou seja, nenhuma repressão a vista. E era o lindo toque estridente da corneta, lá de cima do edifício, a azucrinar quem quer que por essas bandas estivesse passando. E a melhorar tudo, e aumentar o número de vítimas, na frente da janela de um dos quartos, com bela vista para a Rua José Bonifácio, uma importante parada de ônibus a aglomerar pessoas que em busca de transporte aguardavam pacientemente seu ônibus. Era parada de ônibus daquelas que juntava um bom número de pessoas. E daí o inicio despretensioso da inocente brincadeira, um sopro forte, um ruído alto e estridente, a marcar com sons aquele lado da cidade. Ocorre então que ao soar o toque da corneta, todos nessa parada de ônibus abandonando o estado zumbi, situação normal em locais desse tipo se voltaram espantados para todos os lados, menos para o local de onde partia o som. E tudo ficou melhor, quando, persiana baixa, corneteiro agachado e os demais observando escondidos, a ordem de soar o estridente instrumento, a causar grande susto e o espanto, passa a tomar conta de todos os pacatos e silenciosos cidadãos que em pé ficavam a aguardar o coletivo que iria devolve-los a suas casas ou trabalho dependendo do destino desejado. E era maravilhoso, pois bastava o sopro, o som, o susto, a observação e todos a se jogar na cama daquele quarto, sentindo falta de ar e dor no peito de tanto dar gargalhadas e, rolando pelo chão, caiam da cama por não conseguir permanecer imóveis, com o corpo a se sacudir sem parar. E assim tudo ia se sucedendo até o momento que a parada ficava deserta, no intervalo de minutos, quando todos embarcavam e ninguém ainda tinha chegado para o próximo embarque. E num determinado momento, um belo casal de ardentes namorados se aproximou da parada. Frisson total com o que poderia acontecer. Todos a postos a aguardar novos movimentos e instruções para o inicio de novos toques a ser produzido pela mágica corneta. O rapaz, olhando para os lados, parecendo ter más intenções de conduzir a inocente moça para caminhos tenebrosos, nos fez temer pelo destino da pureza da inocente. Final de tarde, crepúsculo se aproximando, romantismo no ar e um cantinho apropriado para uns "amassos", um pouco afastado do abrigo da parada, e a troca desejosa de olhares eram motivos suficientes para grande apreensão. Não podemos ficar inertes. Caso fosse filha de algum de nós, era obrigação conserva-la virgem até a subida nos degraus do altar na igreja. E assim seria. Uma mão boba tocando ali, um toque estridente da corneta, o olhar amedrontado do rapaz, e a recomposição da postura da moça. Passado algum tempo, silencio total, ambiente novamente propício e como peixe a fisgar uma isca, esperávamos manobra mais ousada que a anterior. E quando os lábios iriam encontrar outros lábios, pois a mão há muito quase tudo já havia vasculhado, novamente o som e desta vez mais forte. Espanto maior, susto geral, o ar a faltar lá das alturas daquela janela que, entre saltos e pulos, com o corpo quase explodindo a segurar o som abafado das risadas que podiam ser ouvidas lá na Praça Saldanha Marinho. Mais uma tentativa, e desta vez consideramos demasiada ousadia e nem permitimos aproximação ao lado do pescoço semi virgem da rapariga. Mil sopros a emitir sons fortíssimos daquela corneta. Vendo que o fracasso era absolutamente certo e o sossego jamais iria nesse encontro reinar, desgostoso, frustrado e totalmente impotente o pobre rapaz desiludido da vida despediu-se da moça e cabisbaixo entrou no coletivo para nunca mais naquela parada tentar qualquer abuso que se caracterizasse atentado violento ao pudor. E os componentes valorosos do Grupo pela Moral e Virgindade Alheia, O GMVA, a partir daquela data nunca mais se afastou do nobre instrumento que garantiu, por bom tempo, a manutenção da virgindade nas relações, até a hora do sagrado enlace do matrimônio. Passamos a ser financiados por pais desconfiados do comportamentos de suas não muito santas filhas. Em reunião da diretoria do GMVA, foi deliberado se caso a moça necessitasse ou quisesse algum treinamento, para não fazer feio na lua de mel, os “membros” da diretoria poderiam ajuda-la. E quanto ao rapaz da parada, parece que toda a vez que ouve o toque de instrumento de sopro ele ingere 2 comprimidos de Viagra para evitar qualquer recaída de seu “instrumento” causada pela lembrança de trágico encontro. 
MAS QUE DISFUNÇÃO ERÉTIL!!! MAS QUE BARBARIDADE!!!!
Jacob Chamis

BELAS TARDES ESCOLARES

Se as aulas começavam as 13 horas, porque chegar antes. Antecipar, jamais, atrasar, sempre. Era de enlouquecer entrar no colégio após o momento da batida,( o usual entrar atrasado, depois de ouvir, "já bateu, vamos entrar"), e encontrar vários já sentados aguardando o inicio do calvário. Isso era loucura, é como gado a aguardar feliz a hora do abate. Perdão, mas era inadmissível. Quem fez isso tem que se reciclar agora. E o que dizer dos assuntos urgentíssimo que surgiam quando a ordem era calar. Não tinha como adiar. Dizer depois perderia o sentido. Tinha que ser naquele momento, e valia arriscar. E qualquer ruído, tosse ou bocejo era certamente explosão de risos. Tudo era muito intenso, era a gargalhada na ponta da língua, nunca a lição, mas sempre o riso querendo irromper de dentro de nós. E pedir para ir ao banheiro? Feliz de quem tinha o intestino solto e podia visitar o paraíso a todo o instante. E qual professora arriscaria impedir? Já houve casos de alunos trazerem de casa atestados médicos solicitando visitas ao sanitário de hora em hora. Que inveja, poder sair da sala de torturas e sentar feliz no trono sagrado a perder por baixo o que em lindos pensamentos entrava por cima. Quem me dera ter diarreias diárias para viver livre entre cadeiras e vasos sanitários. E dos grampos encaixados entre madeiras embaixo das classes a fazer sons clássicos ou gregorianos, a embalar nossos momentos de solidão coletiva quando todos eram obrigados a não dar nenhum "piu". O som dos grampos sempre fascinou, pois era anônimo e muitíssimo excitante. Era receber cócegas pelos ouvidos. E das professoras, adorava as rigorosas, pois essas embalavam meus sonhos eróticos. Quem nunca fantasiou sair com a professora exigente e entre beijos e apertos ouvir a maravilhosa frase, " cala boca e mexe? Quem me dera poder viver isso, mas desgraçadamente nenhuma quis sair comigo, ou por que era comprometida, ou por que não teria forças de montar em mim, pelo reumatismo já avançado naquele momento de suas vidas. Doces lembranças a embalar meu sono ainda infantil. O pior era o dia das provas. Era o clímax dos anos de chumbo. Era pau de arara escolar. Não tinha como não sofrer. Apenas os mais afortunados, com sorriso de hiena nos lábios, se encontravam felizes. Marcianos disfarçados de terráqueos. O verdadeiro ser humano sempre em dia de prova sofre, se não sofrer é desumano, ou seja, extraterrestre. A escola era nosso mundo. Umas várias vezes me apaixonei no colégio. E tracei estratégias a me levarem a grandes conquistas. Treinava em casa. Colocava uma poltrona num canto da sala, sobre ela um vestido de minha mãe e a caminhar pela casa, ficava a passar pela cadeira sem jamais olhar, mantendo o rosto para frente, sem nunca vacilar. Objetivo do treino: "dar duro". As vezes pedia a um irmão para observar se eu fazia isso naturalmente. Muitos treinos depois, já a caminhar próximo as musas escolhidas, aplicava a técnica desenvolvida. O pior foi descobrir que, o que eu fazia com muito treinamento e afinco, elas faziam com a maior naturalidade, ou seja, me ignoravam sem o menor esforço. Oh vida, oh tristeza. E entre foras e rejeições, segui meu caminho sempre apaixonado, sempre ignorado. Mas nem sempre foi assim, pois muitas vezes encontrei meu par adorado e entre olhares e conversas ao ladinho do ouvido da amada, tive relações sólidas que envolveram, desenvolveram e duraram por longos e maravilhosos 15 dias. As que eram para casamento, a última paixão antes da morte, essas pela eternidade de 2 meses reviraram completamente minha vida. Minha dificuldade com as paixões era igual a Biologia, ou seja, não prestava atenção, não me envolvia, e por consequência só tirava zero. Passar só colando. E colar, que espetáculo. Nunca, jamais, com papeizinhos ou escritas em réguas, pois isso constitui prova cabal e irrefutável. Era condenação certo. O jeito infalível é a consulta entre cochichos e furtivos olhares para a prova do vizinho, desde que ele soubesse a matéria, senão era fracasso retumbante. Certa vez confiei no colega sentado ao meu lado, mas o cara sabia menos que eu. Não tive outra alternativa, levantei do meu lugar, dei 3 petelecos na orelha dele e pedi para trocar de lugar, pois minha cadeira estava fincando na minha bunda. Sempre dava certo, pois as professoras respeitavam bundas em sofrimento.
E entre desacertos e alegrias concluímos sem nunca ter rodado, todos os anos e séries curriculares, com pouco louvor e muita diversão. Quem ficou para trás deve ter tido problema na cabeça, tipo caspa interna, pois ser aprovado era como subir num trem e deixar os vagões nos carregarem deliciosamente nessa doce e excitante viagem.
E viva as professorinhas, camaradas, exigentes, gostosas ou simplesmente amigas. E não saí com nenhuma, MAS QUE BARBARIDADE!!!!!! 
Jacob Chamis
EXTRA, EXTRA

Última semana de lançamentos:
Finalmente a paz voltará a suas caixas de mensagens.


Histórias "water with sugar" para embalar a "last week". 

30/09
A CORNETA DA BANDA

01/10
SAPATO NOVO

02/10
O THE END FINAL


Produção................................. Jacob Chamis
Direção....................................        "       "
Patrocínio................................        "       " 
Contra Regras.........................        "       "
Fotografia................................        "       "
Figurino....................................       "       "
Roteiro.....................................        "       "
Etc............................................       "       "
Que barbaridade final...............      "       "

MELHORES TRAGÉDIAS

Por esses infortúnios da vida, precisei de intervenção cirúrgica, nada tão grave, mas delicada, na boca, gengiva e dentes. Lá estava eu, Hospital Astrogildo de Azevedo, avental branco sobre o corpo, bloco cirúrgico e entre médicos e enfermeiras, o inicio de tudo com uma pequena picada de agulha dando inicio ao efeito potentíssimo da anestesia. Grandes viagens cósmicas, delírios imaginários, alucinações, mundo colorido, estrelas e luas a passar lentamente sobre minha cabeça fazendo soprar doce e morna brisa e lamber meu rosto. Pensamentos viajando até o infinito e o corpo a subir vencendo a força da gravidade a me fazer flutuar nas nuvens. Tudo a cores e em quarta dimensão. E de repente, o corpo desce, o pensamento some, as luzes desaparecem e o mais negro dos sonos a me levar para a total e completa inconsciência, lá onde o vazio é tão profundo que nada se ouve, menos se vê e desaparecem todos os movimentos, como uma parada congelante de tempo, espaço e sentidos. É tudo de nada. O maior e mais absoluto buraco negro, a analgesia, a amnésia e o bloqueio total dos movimentos. Nada existe e nada é percebido. Se assim ficássemos por décadas, nada iria mudar, pois a existência simplesmente cessa. Assim é a anestesia .O final de tudo, pelo tempo que a farmacologia determina. Somos reféns da química. Mas é uma viagem alucinógena e por essa sensação gostaria de ser operado todos os dias e viver curtindo esse "grande barato". Nem precisaria visitar a "cracolândia" e faria minhas "viagens" assistido por um competente corpo médico. E tudo correu muito bem, e no dia seguinte no colo de alguns assistentes fui levado cuidadosamente para minha casa com a orientação de repouso absoluto. Obediência cega, pois passei toda a manhã quase imóvel, nem movimentei a cabeça para lado algum. Porém isso tudo foi ficando entediante e muito cansativo. Logo após o almoço, ausência total dos genitores na casa, movimentando o corpo, levantei e andando até a janela fui verificar se o mundo lá fora queria saber de mim. E que bela visão, pois alguns amigos e irmãos estavam na casa em frente que, por estar sendo demolida, parecia cenário de guerra, coisa altamente atraente para quem o tempo todo vive em busca de aventuras. E de modo trôpego, ainda meio cambaleante, fui lentamente até a porta, sai furtivamente e me dirigi ao grupo postado junto ao muro semi demolido. Algumas perguntas sobre meu estado e a conversa se atira para outros lados. E os desafios começam a surgir, e de repente alguns já estavam a desbravar aquele mundo complexo e hipnotizante que eram os escombros a levar a túneis e labirintos. E eu sentado num canto a tudo observar. Mas paciência e controle tem limite e vencendo meus os meus próprios, fui em direção a esse mundo desconhecido a ser desnudado. No inicio, muito lentamente até que ia me saindo bem, até que ao olhar para o alto, uma pequena escadaria formada por restos de alvenaria empilhada me levaria ao mais alto posto de observação desse novo mundo. E fui. E subi. E lá cheguei. E de lá despenquei. E de lá voei diretamente sobre outra pilha de tijolos que desarrumadamente se encontravam abaixo deste posto de observações. Nem preciso dizer que a partir daí tudo escureceu e os últimos pensamentos e sensações eram de muito sangue, muita dor e muito medo. Foi gritaria geral e sem saber como novamente cheguei ao Hospital Astrogildo de Azevedo em menos de 24 horas que daí eu tinha saído. E o plantão da enfermeira que tinha se despedido de mim ainda nem tinha terminado. Ao me ver deitado, rosto ensanguentado e boca muito machucada, comentou: "Acho que conheço esse rapaz". E meus pais, não estando em casa, ainda nem sabiam do ocorrido. E a enfermeira a dizer: "Limpem ele que acho que o conheço". E bem feito, pois por tanto ter desejado nova viagem anestésica, novamente mergulhei no fantástico mundo das alucinações químicas. 
E desse hospital saí, de castigo, outra vez, com o rosto tapado de bandagens nariz fraturado, olhos inchados, algumas dezenas de pontos em volto dos supercílios e com aquela cirurgia do dia anterior também refeita. Lembro do espanto de professoras e colegas, pois com semblante tão desfigurado, demorei muito para recuperar o mesmo rosto que a algum tempo tinha me abandonado. 
E nunca mais voltei a esse querido Hospital, até o dia que eu e Asdrubal, menos conhecido por Kimura, caímos lá perto da Zona, morada frequente do Ênio, de uma moto emprestada, que furou o pneu em pleno gozo de ótima velocidade que desenvolvíamos. Mas isso é outra história.
MAS QUE COISA DE LOUCO!!!!! QUE BARBARIDADE!!!!
Jacob Chamis

sábado, 28 de setembro de 2013

DOCE VIDA

Pois vou tentar resumir o que, a pouco mais de um mês, vem ocorrendo num pedaço do sul do mundo, onde um bando de muito boa gente resolveu se redescobrir depois de décadas sem dar sinal de vida. E demonstraram ter ainda aquela bela sintonia que somente bem criadas crianças possuem. Sejam bem vindos todos de volta ao meu mundo. E segue abaixo o que imagino ser tudo isso: 
Milagrosa e maravilhosa essa confraternização virtual entre todos. Entre os que se manifestaram e os calados, todos certamente se reaproximaram e ninguém ficou fora dessa louca conversa. E como bons companheiros que sempre fomos e cúmplices por natureza, todos voltaram a diversão colegial. E os que não se pronunciaram até agora também estão nessa mui poderosa corrente. E mesmo calados estão presentes e é isso que importa, pois sem todos nada somos. Sei que eles tudo leem e sei do brilho de seus sorrisos quando alguma bobagem, brincadeira ou recordação é enviada para seus computadores. E também sei da inquieta e intensa expressão de infantil curiosidade e alegria que essa troca de mensagens produz em cada um. É como o mágico e brilhante olhar de uma ansiosa criança que apressadamente devora saboroso doce com gosto de "quero que isso nunca acabe". E que bela chance essa, que agora, nos meados de nossas existências, outra vez nos é proporcionado, pelo inesperado reencontro que parecia não mais ser possível. A vida somente não reserva surpresas para quem não mais está nela.
Volto no tempo e percebo a importância que cada um teve na formação da vida de todos. E juntos trilhamos o complexo caminho da troca das idades. E ficamos durante o tempo da escola também juntos para caminhar ano a ano na busca inconsciente e desesperada de nossa melhor formação. E todos estávamos juntos nessa. E todos presentes mesmo se achando ausentes. Até nas nossas diferenças nosso crescimento estava acontecendo e a criar fortes alicerces nosso futuro estava desde já, senão garantido, encaminhado. Todos foram fundamentais na tarefa de auxiliar a chegar onde chegamos. Alguém me levantou em algum momento quando minha força sumiu e eu fiz também isso por alguém. Nada foi muito simples, pois lapidar pessoas para que se tornem capazes é bem complicado. Prosseguir quando tudo parece falhar, buscar forças quando o mais fácil é desistir torna a jornada para atravessar a juventude cheia de labirintos e armadilhas, que sozinhos parece ser luta quase perdida. Por isso tão importantes uns para os outros. Por isso somos os nossos próprios heróis. Somos por demais especiais, pois conseguimos manter bem aceso, lá num cantinho do coração, essa maravilhosa chama que uma simples faísca fez tão facilmente tudo reascender. Fomos feitos de puro diamante que em ótimas mãos, para ser lapidado, certamente se tornaria a melhor das joias. E isso foi feito. O diamante bruto foi lapidado. E essas joias prontas ficaram maravilhosas e valiosíssimas. E estamos percebendo o quanto nos fizemos, nos fazemos e nos faremos bem. Fico a imaginar o sorriso solto de criança a dar pinotes dentro de cada mente quando, entre esquinas e cruzamentos, nos deparamos a reviver situações engraçadas ou emocionantes que convivemos juntos enquanto trilhávamos nossos caminhos. É tudo muito doido. E ainda bem que assim é, pois senão nada teria valido a pena. Saber crescer é nunca esquecer de conduzir junto a boa criança que dentro de cada um vive. E que choremos de alegria, amor e compaixão por todos que, de uma maneira ou outra, até aqui nos trouxeram. E que se faça um grande brinde. E que a alegria seja eterna suplantando a vida que não consegue ser, e nem deveria. Nosso tempo é finito, mas nossa alegria se perpetuará por toda a eternidade.
Mas que barbaridade!!!!
Jacob Chamis

RECREIOS DA VIDA

Hora do almoço, alvoroço em casa, somos muitos a procura de poucos bifes. Salada sempre sobrava, era ruim, por isso sobrava, mas as batatas fritas, essas sempre faltavam. E quem não comia tudo, não levantava da mesa até todo prato estar limpo. Triste rotina para quem tinha desejos de apenas comer o que para seu paladar fosse agradável, ou seja, tudo que não prestava. E o argumento era que, se tudo comesse, saúde, inteligência e disposição para estudar teria. Mas se eu não queria disposição para o estudo deveria ser dispensado do sacrifício. Mas esses argumentos nunca convenceram ninguém e a sofrer, tínhamos de tudo de ruim comer.
Levantar da mesa, escovar os dentes, pentear os cabelos não precisava e colocar o velho e bom companheiro uniforme escolar e ir para a aula. E isso certamente deveria ser considerado trabalho escravo infantil, pois com tanta coisa para ser feita pela rua, qual a graça passar uma tarde inteira a engolir textos e fórmulas esdrúxulas que naquele momento não eram nada divertidos.
Mas tudo o que é ruim não dura para sempre e a se aproximar lentamente para tanta alegria trazer, o bom e querido recreio, como uma dádiva divina, chegava para minha grande alegria. E com que prazer ouvir o ruído da sineta, imediatamente fechar livros e cadernos abertos apenas para cumprir seu papel coadjuvante sobre a classe, levantar apressadamente, e em direção ao pátio, deslizar feito pássaro ligeiro num livre voo sobre largos corredores e escadarias. E realmente era voo, pois do degrau mais alto, um salto acrobático sobre quem já alcançara degraus mais baixos. E era tanta felicidade que uma dorzinha na “cacunda” nem era levado em conta. E entre abraços e empurrões as portas escancaradas conduziam quem apressadamente o paraíso buscava. E entre risadas, conversas e cochichos, o tempo desgraçadamente, infelizmente e por pura injustiça, voava. Entre belas musas, gordas lindas e feias charmosas, a vida do recreio ia sempre transcorrendo como se fosse o último grande momento de nossas vidas. E com uma desproporcional intensidade gozávamos daqueles momentos a nos perguntar se a vida fazia sentido fora do recreio. O final dele, o retorno a sala de aula, o último olhar disfarçadamente dado a quem tanto se queria, a cumplicidade do último assunto, fazia desse momento uma mistura de angustia e ansiedade, que por instantes a vida se curvava parecendo despencar em profundo precipício. E voltar a sala, amarga agonia que somente sumia quando, como em cartola mágica, a velha e conhecida sineta jogava, outra vez, todos para fora do quadrilátero prisional, vulgo sala de aula. Mas o recreio e suas lembranças durante os últimos períodos suplantava a dor. E lembro de uma singela passagem. Atrás do pavilhão, junto aos bebedouros existiam vários bancos, de madeira, sem encostos, que serviam de oásis de transição entre o maravilhoso pátio e o pavoroso conjunto de anexos. E ali ficávamos como a cumprir pequena quarentena para, sem muito grande choque, seguirmos, já atrasados, em direção as aulas no andar inferior do inferno, os ditos anexos. E assim era diariamente, todos sentados e eu numa corrida desenfreada, saltava a derrubar quem quer que ali estivesse sentado, como num bom jogo de boliche. E foram vários strickes. E muito “cascudo” levei, e mais ainda fui “bolinado” por esse desaforo e traquinagem contra nobres colegas. E eu nunca desistia. As vezes deixava passar alguns dias, para esquecimento dos otários e sem prévio aviso, lá estava eu a dar saltos cada vez mais acrobáticos, do tipo “Salto Triplo Carpada. E mais cascudo, e mais tudo. E um dia, maldito dia, pensei que novamente a todos enganaria. Por detrás de um daqueles enormes eucaliptos, surgi feito uma flecha e saltei. Corpo erguido, mãos para frente, cabeça ereta e membros inferiores esticados. Mas desgraçadamente todos eles levantaram e eu mais desgraçadamente ainda cai feito saco de estopa, daqueles cheio de arroz, espatifado sobre a dura madeira daqueles agora infelizes bancos. A dor era tanta que comparada com a do parto natural de trigêmeos saindo no mesmo instante era brincadeira de roda. Minha cabeça rodou sobre a terra, parecendo que o mundo sobre ela desabou. Meus braços ficaram todo arranhados. Minhas pernas com grandes hematomas. Mas nada comparado as bolinhas. Essas sim muito mais que tudo sofreram e foi tamanha destruição que um galo surgiu entre elas fazendo parecer que eram três. Amarga vingança para tão inocente brincadeira desses inescrupulosos falsos amigos. Por remorso fui carregado carinhosamente até minha sala e levado em padiola humana até minha casa para durante bom tempo entre gelos, mertiolates e curativos tentar voltar a vida e poder dar alguma risada de tamanha dor que essa aventura causou.
MAS QUE BARBARIDADE!!!! MAS QUE SOFRIMENTO!!!! E viva Tiradentes, que não sofreu com eu sofri.
Jacob Chamis

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Hoje completa outro mês da nada distante data da maior tragédia que sobre todos se abateu. Um horroroso acontecimento do tamanho do mundo, pois algo assim pertence ao universo e não apenas a um determinado lugar do mapa. Aí apenas o fato, para a humanidade o acontecimento. Aí a dor, para o mundo a consternação. E como dói, e nunca vai passar.Então como viver com tamanho fardo? Para quem está longe, o choque, a incredulidade. Para quem está perto a consternação, a revolta. Mas para quem perdeu parte de si, perdeu alguém querido, a dor alucinante, a perda do chão, o fim da paz. Resta para quem perdeu a única alternativa de prosseguir. Como continuar? De onde reunir forças para seguir em frente? Por que isso aconteceu?
Onde procurar culpados? São pessoas ou instituições? A convicção de que nunca nada irá acontecer, nos leva a indecente conclusão que uma pequena vantagem aqui ou uma solução rápida ali é o melhor caminho. Somos todos verdadeiros tolos irresponsáveis e desonestos, pois o bem coletivo está em plano inferior aos direitos individuais. E infelizmente, lastimosamente, quem pagou o preço por gigantesco ato criminoso, foram os que desgraçadamente perderam seus muitíssimo queridos filhos, irmãos ou amigos. E a inversão da ordem natural do desaparecimento quando ocorre se torna insustentável, incompreensível. Que todos tenham para sempre em seus pensamentos, por amor, saudade ou apenas respeito, a consciência da força e sacrifício que cada um, que alguém aí perdeu, carrega dentro de si, sem nunca, em momento algum, ter um segundo de sossego. O simples olhar, o mais apertado abraço, o mais saboroso dos beijos, em seus filhos, seus irmãos, seus amigos ou namorados, nunca, nunca mais, para os que perderam, acontecerá. São pessoas que terão, obrigatoriamente, de todos nós o mais profundo respeito e admiração por serem tão fortes ao conviver com inescrupulosa dor. Não tentem sequer imaginar o tamanho dessa dor, causada por essa ausência, pois somos incapazes de elaborar em nossos corações tal sofrimento. A distancia advinda do tempo a passar, o transcorrer dos intermináveis dias, tomara, fará o desespero se transformar em saudade e esta no maior, mais profundo e mais puro tipo de amor. Dessas lembranças a reconstrução de um novo tipo de vida. O que hoje paralisa e torna o desespero alucinante um dia terá de se transformar em outra coisa. Dessa louca saudade e desse grande amor, as doces lembranças a se perpetuarem servirão de combustível para essa  eterna chama que nunca, em tempo alguma, se apagará. Enquanto isso não ocorrer, admirar, respeitar e ter compaixão, é o que resta dar a quem alucinadamente esse tortuoso e dilacerante caminho está involuntária e obrigatoriamente percorrendo. Santa Maria, hoje mundialmente conhecida, paga um preço inaceitável por tamanha fama. E não somos merecedores disso. E ninguém nunca será. E o mais profundo sentimentos de solidariedade se faz necessário. E a dor pra sempre permanecerá, e a se perpetuar a mais brutal das constatações, de que isso poderia ser evitado. Profundos pesares Santa Maria, pois não és merecedora de tamanha tragédia.
Jacob Chamis

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

“Pedaços de Santa Maria”

“Pedaços de Santa Maria”, construção da trilogia que, sem maiores pretensões, por brincadeira, rabisca traços de nossa cidade.
Muito obrigado pela paciência dispensada a esses esboços que por objetivo tiveram a distração, deboche e entretenimento.
Mil desculpas por enveredar pelos caminhos sem nenhuma competência, mas pela saudade imagino merecer mil abraços.
Que assim seja, e boa leitura a quem conseguir.  

1. Vento Norte
2. Naquela Estação
3. Ruas sem Rumo

Ruas Sem Rumo (As Ruas de Santa Maria)
Como águas agitadas de um rio longo e tortuoso, que entre escarpas e montanha correm a criar atalhos e imprevisíveis caminhos, as Ruas de Santa Maria se projetam aos mais remotos pontos, sem se importar com formas e traçados apenas para, nas mais distantes paragens, ao seu destino chegar. Simples, claro e sem cerimônia, vão passando por todos os lugares tentando aproximar quem de quem longe estiver. E quem a elas seu destino confia, se enche de poesia e graça, arrancando toda a magia enquanto por ela passa, depois que por ela cruza. Uma cidade com alma sua geografia escolhe, não aceita ser projetada, simplesmente quer ser desenhada. E essas ruas, entre riscos e rabiscos despretensiosos, na tela de algum inspirado artista, em linhas de pura leveza, vão de traço em traço, completando sua obra, surpreendendo pelos contornos e apaixonando pela forma . E do jeito tal qual o artista imaginou, seguem sem rumo definido cortando a cidade, perdendo-se pelos caminhos, subindo e descendo, dobrando para lá e cá, de um lado ou outro, a brincar feito crianças num imenso parque de diversões. Descem sem parar, sobem até cansar, tornam a subir, descem para viver e sobem até morrer. Tudo feito com loucura e delírio criando a sensação de serem coração e alma desse sentimental artista. Todos vivemos essas emoções, todos somos essas sensações. Em Santa Maria, as ruas não levam gente de um canto a outro, carregam emoções, transportam desejos e como se procurassem segredos, entorpecem todos quem com elas ousam se envolver. E a olhar para seu mapa percebo que em curvas côncavas ou subidas convexas, sempre sinuosas, essas ruas percorrem, sem rumo, todos os caminhos que melhor lhes convier. E por teimosas que são nunca tem direção, pois quando retas não são planas, quando planas sempre em curvas, quando vão nunca voltam e quando voltam nunca chegam e girando em curvas verticais, muitas vezes dobram, quando lá no fim do caminho, não encontram rumo, não tem como voltar. E o frio que dá na barriga e sobe pela coluna, quando a alma alcança, sem que o fôlego tenha recuperado, num quase frenesi descompassado de ritmos alucinantes, para no final da descida alcançar, buscando com trôpega ansiedade mesmas emoções sentir, quando ao topo de outra subida, noutra descida cair. E nesse sobe e desce, a experimentar gozos e alucinações, todos que nelas passam sentem o ar aprisionado, pois com o fôlego trancado a respiração deixa de existir. E por serem encantadas criam encontros que despertam paixões, tornam visíveis olhares que trazem amores e estampam cores que curam melancolias e por ardentes e fogosas, penetram em todas as moradas como se delas fizessem parte, pois quem a essas ruas se lança, quando em outras moradas adentra, nem conta se dá que pelas ruas atravessou para chegar tão distante, como se de sua casa nunca tivesse saído.  Armazenam essas ruas, durante a noite, como se fotossínteses realizassem, desejos ardentes, paixões desenfreadas e ânsias de amor que de tanto se dar, durante o dia, exauridas e sedentas a noite recuperam para no dia seguinte, outra vez, a todos seu tudo, de novo entregar. Lindos lugares escondem em segredo, a esperar de quem, com ardência, deseje seus mistérios desvendar. A cor emoldurada em seu verde horizonte a olhar as montanhas ao fundo, ou do alaranjado do por do sol virando para o outro lado nos faz imaginar que todas as tonalidades e brilhos, de tanto encantamento,  para esse lugar foram morar e nunca mais embora quiseram ir. Sempre que por essas ruas passo, algo diferente e secreto explode de tanto encantar, pois meu coração parece estancar como a cristalizar por momentos, por tudo que sempre lembro, pelas crianças que sempre passam, a correr por meu passado, em  toda e qualquer esquina que esse espetáculo descortina, nas coisas que se eternizam para sempre em meu olhar. As Ruas de Santa Maria, que esta paixão contamine. Que esse amor se complete. Que esta alucinação desabroche. Espetáculo impar que por si só há de se realizar.
 Jacob Chamis

Entrada na festa

Ibihuhuia!!!!!!!

Depois de vasculhar muitos baús garanti minha entrada na festa!!!!!!!!
Até dia 05!!!!!!
 


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ALTOS MORROS

Na anterior passagem indiquei um lugar no final da subida da serra e a percorrer esses caminhos sentia meu corpo e mente serem transportados a mundos diferentes sem que eu pudesse estabelecer coerência e compreensão desses sentimentos. E vou pedir licença para tentar, com muito esforço de escrevedor leigo, transmitir o que se passava. E era mais ou menos desse jeito:
E lá de cima percorrendo caminhos estreitos e perigosos encravados nos pontos mais altos daqueles morros, logo após uma determinada entrada, uma estradinha costeadas de altas árvores de um lado e penhascos de outro, entre curvas e subidas me leva a vislumbrar paisagens dignas de grandes cartões como se para outro longínquos lugares, bem distante dali, meu corpo tivesse sido levado. Um pouco mais perto do céu onde a percepção nos leva a viagens de poesias e alucinações, olhando ao redor ouso dizer que somos apenas moléculas emocionais em expansão. E a colocar o coração perto das nuvens e estrelas, entre delírios e alucinações, o pensamento quase anula quando o olhar se joga lá do alto despencando a procura da fim do horizonte esparramado bem na linha inferior que se forma naquela iluminada paisagem. E era nesse local tão solitário e distante, cercado de maravilhosas árvores, pedras e penhascos, que se podia sentir o corpo ser arrancado do solo firme e a flutuar sem rumo, ser jogado como se uma pena fosse, em direção a um grande e vazio infinito dando a nítida sensação de ser o voo de um livre pássaro que finalmente estava por iniciar. E são eles, esses morros,  o que de mais importante eu acreditava existir naquelas paragens. E para a cidade valor imensurável, pois num relevo de beleza impar, fazem parecer estruturas de tobogãs e montanhas-russas a nos deixar sonhar como se estivéssemos em local muito longe dali e, também lá de cima, a olhar para outro extremo apenas planícies enxergar, como se a vista fosse deslizar serenamente a atingir a linha do horizonte. Local privilegiado de cima desses morros. Vista sem igual parecendo se mostrar a outros ângulos que não pareciam pertencer a paisagens do cotidiano, pois sentado no topo daquelas ondulações, onde eu ficava antes de retornar, se descortinava de um lado a imensidão da Serra Geral a perder de vista, como uma enorme cordilheira a nos remeter a paisagens inimagináveis e impenetráveis parecendo território selvagem a ser desbravado. Para baixo, a vista virar e perceber num olhar, tão bela cidade, a pulsar ainda em crescimento, buscando encontrar a si mesma, cheia de desníveis, mostrando seus novos edifícios e ruas que vistas lá de cima pareciam maiores que seus próprios tamanhos, como se assim almejasse, para impressionar com sua grande imponência de cidade do interior, mostrar seu desejo de se tornar metrópole. Mais acima a vista alcançava para ao final do dia, com o sol quase tocar o chão, um plano de campos limpos de puras pastagens a tocar a vida do gado, que por ser assim jamais imaginar ser observados de tanta distancia de tão alto lugar. Vistos da cidade esses morros se parecem com enorme onda como a procurar uma praia e cair em um imaginária rebentação como se fosse o calçadão uma praia de tanta areia, aguardando para depois de tão longe avançar, num breve relance, suas águas recuar. Olhando dali para eles, parecem imagem de um mar prestes a rebentar nesse calçadão que, como uma pintura congelada, e pelo tempo passado não mais ter ficado amarelado e sim com a cor forte pulsante de sua densa vegetação. De onde se olhar, em qualquer lugar da cidade ninguém a esses morros pode ignorar por tamanho e excelência de sua cor e imponência, sem nunca por nada temer e sempre e por todo sempre parado, aí permanecer. Lindos, fortes, gigantes e marcantes paredes que a todos impressiona que de ninguém se amedronta, marca registrada dessa cidade que, de tanto por eles protegida, no seu nome deveria ao menos constar para, de novo, em registro para sempre se apresentar como Santa Maria da Boca do Monte. E que assim sempre permaneça.
Jacob Chamis, final de segunda feira, 24/09. 

Eu sei de onde veio a Força

Pessoal, como o plantão na Maternidade está calmo hoje, e com a licença de vocês todos e de nosso Presidente Jacob, aproveitei para escrever umas linhas. (Que barbaridade!!!)
Eu sei de onde veio a Força
Gostaria de voltar ao assunto sobre a Força, descrita pela Chris e chamada de Mágica pelo Jacob, e que esta causando tudo isto que estamos vivendo.
Esta Força estava adormecida dentro de cada um e despertou com a noticia deste reencontro.
Devo confessar que, quando a recebi, me causou um impacto e uma surpresa muito grandes.
E, pelas manifestações que tivemos até agora percebo que este impacto atingiu a todos, mesmo os que estão somente observando, pois da para ver o brilho dos olhos de cada um, que vem junto com as mensagens recebidas.
Sente-se uma energia em cada texto (leia-se Jacob) e comentários que recebemos em nossa caixa de emails.
Jamais imaginei que um dia fosse ter a oportunidade de rever tantos colegas dos tempos do colégio, exceto aqueles mais próximos e que eventualmente encontramos por nossas andanças.
E, entre estes, gostaria de destacar um deles, que conheci durante o curso ginasial no Maria Rocha e convivi durante toda a adolescência e período da faculdade, como amigo e integrante da “Turma da área”, que se reunia quase que diariamente na minha casa, depois do almoço. Além disto, era meu vizinho de rua.
Estou falando do meu grande amigo Enio.
Aprontamos algumas nos tempos do colégio, como uma vez que fugimos pelo Olavinho, para matar aulas e andar de carrinhos na Praça Saturnino de Brito. Fomos vistos pela assistente, acho que era a Cyrillinha, durante a fuga e depois flagrados pelo meu pai e minha mãe que passaram pela praça na mesma hora. Quem será que era o pé frio? Nos escondemos atrás de uma arvore para não sermos vistos, mas o fato veio à tona quando chegou o aviso da suspensão de três dias. Foi assim que meus pais souberam do meu novo amigo do colégio. A partir disto nasceu uma grande amizade entre nos dois e nossas famílias, que dura até hoje.
Por isto, conhecendo o Enio como eu conheço, não tenho duvidas em dizer que ele é o principal responsável por isto tudo estar acontecendo. Foi ele quem libertou esta Força, e que se tornou Magica.
O Enio é um grande amigo de todos, um agregador, que gosta muito de reunir as pessoas ao seu redor. Além disto, faz questão de preservar as historia e estórias de vida, suas e de seus amigos. Sempre foi assim, e continua sendo. Basta ver seus esforços para reunir o maior numero possível desta turma toda.
Eu tenho certeza, que esta Força estava guardada com muita intensidade com ele e que, com a sua iniciativa de convidar a todos para este Encontro da AMAR, desencadeou esta doce loucura, na qual parecemos uns adolescentes, abrindo nossos corações para contar todas estas estórias e expressar estes sentimentos manifestados até agora.
Por isto, eu peço uma salva de palmas ao Enio, e que ele continue sendo assim sempre!!!
Beijo Enio!!!
LMB

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A fórmula de Bhaskara

Luiz Maurício e demais colegas.
Após teu desafio, e como não posso sestiar nesta tarde chuvosa e não tenho o talento do Presidente, vou tentar escrever sobre algo que lembrei depois da crônica da Chris.
É um fato também ocorrido, talvez no 2º ano do ginásio, mas também não tenho certeza. Então vamos lá e os erros estão aí para serem corrigidos pelos colegas.

A fórmula de Bhaskara
Como todos, hoje sabemos, a equação quadrática ou também conhecida como equação do 2º grau teve sua solução "descoberta" pelo matemático Bhaskara.
Mas voltemos ao fato.
Nossa professora de matemática era a D. Cleci Borin, grande professora, mas também uma fera, e foi ela que nos ensinou como chegar à solução da equação do 2º grau.
Após algumas aulas com exercícios foi marcado uma prova, que logicamente seria sobre a tal fórmula. Nossas classes, nos anexos, não eram de fórmica, eram de madeira e todos nós, sempre que tínhamos alguma dificuldade para alguma prova, costumávamos escrever breves "lembretes" nas classes, (como diz o Presidente "que barbaridade" mas como isso nos dava confiança).
Pois bem, no dia da prova nossa Mestra entra em aula e começa a distribuir as provas e verifica, com toda sua experiência, que algumas classes tinham os tais "lembretes".
Sua primeira providência foi determinar que a fileira da janela passasse para a segunda fileira e assim sucessivamente para a seguinte e que a da porta fosse para a da janela.
Após esta arrumação, voltou a entregar as provas e, então, constatou que a troca de lugares não surtiria o efeito desejado, que aqueles que tinham colocado os lembretes fossem punidos e ficassem sem eles para a solução dos exercícios propostos. Na verdade, era grande a quantidade de classes premiadas, para não dizer todas.
Buenas, neste momento, recolheu as provas, saiu da sala e após breve tempo retornou e comunicou a todos:
- Falei com a Diretora e a prova está suspensa!!! Amanhã todos devem trazer de casa lixa e verniz e avisar aos seus pais que ficarão um tempo a mais na escola, após o término do período regular. Todos vocês, que colocaram estes lembretes, deverão lixar suas classes e envernizá-las para aprenderem duas coisas:
1 - não estragar o material escolar e
2 - não colarem.
E assim, fizemos, nossas classes ficaram branquinhas e reluzentes como novas e adeus lembretes!!!!! Nesta matéria e em todas as outras.
Bons tempos, boas lições!
Aldo Grassi

Paisagem Suína

Lembro daquela Rural, ano 1966, chamada carinhosamente de Gertrudes a subir os morros que circundavam Santa Maria. Meu pai possuía um pedaço enorme de terra no topo daquelas elevações. Era uma propriedade impar, casa bonita, área de lazer e criação de animais. Minha tarefa era alimentar os animais, ou seja, levar ração e restos de comida para os porcos. Seis lindos porcos, guardiões de nossa fazenda, evitando com isto invasões e apropriações por usucapião de vândalos e aproveitadores. A casa não era muito grande, pois com única peça, de dimensões modestas, do tipo 15 palmos por 11 palmos, de criança, impedia o veraneio de toda a família ao mesmo tempo, em períodos de férias. E nessa tarefa a solidão não me acompanhava, pois a sair do Maria Rocha e logo após o almoço fiéis companheiros ajudavam no carregamento do nobre veículo, e a subir a serra pela antiga estrada (o Perau), com exuberante vista e assunto posto em dia, seguíamos honrosamente a tentar cumprir nobre tarefa. Certa ocasião, alguém tentou alimentar um bichano mais retirado e arredio dando o alimento direto em sua boca. Tarefa considerado desafio todos nessa empreitada se envolveram. Mas o coitado do porco não queria colaborar e como criança mimada, se recusava a ingerir o alimento. Com coragem e ousadia alguém atirou-se contra o porco e foi seguido por outros que assim como o primeiro mergulharam de corpo e alma dentro do chiqueiro. Já que o porco queria guerra, todos se jogaram para dentro dos aposentos do suíno. E foi uma gritaria e algazarra e muita merda para todos os lados. Muitas merdas depois, ou melhor, muitas horas depois, quando já exaustos homens e porco, todos abraçados, porco e homens pudemos descansar em tão nobre local. E a descida, não poderia ser menos vexatória, pois quando paramos no Castelinho, quase na entrada da cidade, tivemos dificuldade de ser atendido pois o cheiro era tão insuportável que ninguém queria se aproximar da querida Gertrudes. O fedor era alucinante que em várias sinaleiras outros automóveis avançavam o sinal por não suportar ficar ao nosso lado aguardando a cor verde para o avanço. Alguém sugeriu que fechássemos os vidros e pensamos ser a aquilo o cheiro da morte tamanho o enjoo e tontura que nos causou. Fomos direto a um posto de lavagem automática e sentados no capô e teto da camionete, pedimos uma lavagem completa de carro e gente. Em casa chegamos feito pinto molhado, parecendo o Dick Vigarista e sua turma por cabelo escorrido e roupa encharcada. Mas o cheiro finalmente havia nos abandonado ou já estávamos acostumando. Até hoje carrego está dúvida, pois num sábado seguinte, ao comparecer num baile, ainda tinha por entre os cabelos mechas e fios dum castanho mais claro um pouco diferente de minhas cores originais. Mas que barbaridade e que espetáculo. E viva o 20 de setembro e abaixo o Combate do Ponche Verde. Alas frescas.

Jacob Chamis, e era isso numa 2ª feira com chuva.

sábado, 21 de setembro de 2013

Retomando as escavações no baú de trecos que estava perdido no porão lá de casa, encontrei fotos de velhos amigos do peito, de amizades indissolúveis,  que espero reencontrar no dia cinco. 
 Claudio Weissheimer Roth

 
 
 
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

20 se Setembro


Meus prezados,

Em anexo um "chiste", com muitas verdades - apreciem!
No Brasil, somente o Rio Grande amado faz feriado em homenagem ao seu povo!
É um dos motivos que me orgulho de ser gaúcho, MAIS DO QUE SER BRASILEIRO!
UM ABRAÇO BEM CHINCHADO A TODOS!
NÃO NOS AFROUXEMO! ESTE ESTADO AINDA É UM DOS ESTEIOS DESTE PAÍS!
SAUDAÇÕES FARROUPILHAS!
Abs
Gerry F. Corino


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

RITMOS ALUCIANTES - FLASH MOB 19/09

Nota do autor
Com a lúcida intervenção do brilhante Sr. Aldo Luis Grassi, e lembrança de Enio Mac krum, surge do ocaso de minhas lembranças essa linda e harmoniosa história.
Graciosas cenas em tomadas externas em 2D transversal ( moderna técnica da época). E que maravilha, pois pipocam de todos os cantos história espetaculares. 
A vida em movimento segue ritmos trazidos desde nossa mais primordial morada, o útero materno. Ainda em seu interior, balançando no ritmo das batidas do coração de quem tão dedicadamente nos carrega, a vida dá seu iniciais movimentos antes mesmo de seus primeiros passos. E a crescer, é neles, balanços e movimentos ritmados ao som de músicas reais ou imaginárias, que nos inspiramos a buscar oportunidades de aproximação com nossos iguais contrários, para, conquistando e seduzindo nunca mais nos afastarmos de doces e harmônicos sons. E assim fomos crescendo, buscando movimentos e ritmos que encantam ou enlouquecem sensíveis ouvidos alheios. Lembro de ganhar tambores para criar e emitir sons estridentes, sem ritmos, muito desafinados além de horrorosos, altos e insuportáveis. As vezes era obrigado, em reuniões familiares, acompanhar e ouvir meus irmãos ensaiarem seus sons e barulhos com seus imprestáveis instrumentos musicais. Certamente era preferível ser submetidos a castigos e escravidão familiar a ter de suportar tais ensaios. E sei que em todos os lares assim também era. E fomos crescendo, feito rebanho, nós todos, do mesmo modo, com as mesmas coisas e destinos parecidos. E a musica a nos acompanhar. Lembro de participar de serenatas e voltar para casa triste e rico. Tristeza pela namorada não conquistada por falta de qualidade musical. Rico pelo pagamento ofertado pelos vizinhos da amada que, ao se cotizarem, pagavam para o imediato encerramento de tão desafinada declaração musical de amor. E sempre cantarolando, continuamos crescendo procurando levar uma vida bela e sonora com músicas a encher corações e mentes, com lindas declarações de amor ao lado do ouvido sempre embaladas por lindas e românticas canções. Tudo era maravilhoso desde que o papel de cantante fosse por outro exercido. A vida continua, a escola continua, amigos viram colegas, colegas viram companheiros e companheiros viram irmãos. E sempre ela, a música, a traçar destinos e rabiscar relações. Então vem a Banda e a musicalidade entre corpo a dentro vai se alojar lá no fundo de nossos corações. E a cantarolar os dias dançam sob nossos pés e a vida passa para dimensões nunca imaginadas. A marchar ou dançar, nossos ritmos invadem casas, repartições, lojas, consultórios, salões e salas de aulas. Não tem como interromper esse fluxo de sangue dançando em nossas veias. E tudo aconteceu. E foi assim, bem desse modo que tudo ocorreu. E foi num despretensioso dia, em improvável improviso, que tudo se realizou. Como alucinados, cantarolando e balançando seguindo tons e sons imaginários, todo o pátio, do Oiapoque do muro da Niederauer ao Chui do lado do pavilhão, feito o balé de Michael Jackson na música Thriller, todos com pés se arrastando e corpos se balançando avançam num mesmo compasso em direção ao centro geográfico do pátio. E miraculosamente nada se afasta do ritmo e harmonia. Vista em filmagem aérea possivelmente naquele exato momento, o Clip da música do Sr. Jackson teve como inspiração nossos belos movimentos. E foi lindo, todos em ritmos, balanços e movimentos, em compasso mágico a marchar, se aproximam perigosamente da porta principal de acesso aos corredores que levam todos a sala de aula. E como parar? Não podemos parar. E como uma onda fora de controle, sem vacilo algum, a imensidão de movimentos e batidas invade tudo o que surge pela frente sem que se tenha perdido sua controlada majestade. Em uníssono, vários tons produzidos por tantas pessoas ao mesmo tempo pareciam enlouquecer e paralisar quem a tudo assistia. E a batida alucinada da sineta e os estridentes gritos do corpo repressor da escola pareceu acordar todos de tão lindo sonho. Quem comandou, quem participou, quem fugiu, isso não importa. O que realmente interessa foi o revolucionário espetáculo de luzes imaginárias e sons reais que entrada tão triunfal produziu. Parece que naquela noite todos, inclusive as repressoras, adormeceram com sorriso nos lábios, lindos sons no coração e com seus pezinhos a balançar em suaves movimentos ritmados para fora dos lençóis, lá no final de suas aconchegantes camas. Dizem também que o entusiasmo do público do lado de fora dos portões foi tão grande que alguém, vindo dos estúdios da TV Imembuí entrou em contato com Hollywood dizendo ter sido inventado, numa tal escola chamada Maria Rocha, um movimento alucinante que a todos contagia, hoje conhecido como FlashMob, ( movimentos instantâneos de pessoas, parecendo combinado), que na época foi originalmente batizado de “ Te Sacode Vivente”. Que espetáculo. Que gineteada. Mas que barbaridade!!!!
Jacob Chamis

ENTRE FEZES E ÁGUA

Bom, como o Presidente Jacob ampliou as fronteiras da nossa memória até o primário e ginásio, me atrevo a contar mais uma história.
E também porque li o nome do ilustre colega Henrique Ustra Soares, o qual não participou da OPA, mas estará na nossa comemoração. 
Não é justo que ele permaneça impune. 

ENTRE FEZES E ÁGUA 

O alvoroço era grande na turma do anexo de madeira.
Como já disse o Presidente Jacob, eram três salas mas éramos uma turma só. 
As portas ficavam abertas, e seguidamente havia um, dois, três ou quatro alunos passeando pelo corredor (acho que varanda define melhor aquele corredor aberto, com piso de sarrafo de madeira), fingindo que ia ao banheiro e fazendo tráfico de informações.
Cada um especulava do seu jeito e o ti-ti-ti corria solto!
Seria a nossa primeira aula de Química, e a professora era nada mais nada menos que a esperada musa das “propriedades periódicas da tabela de Mendeleiev”: Dona Gláucia Ustra Soares.
Temida, competente, respeitada, e muito chique! E além de tudo, para nossa inveja mortal, madrinha ou amiga pessoal do Asdrúbal.
A primeira aula da Prof. Gláucia era famosa! Rezava a lenda que ela sempre surpreendia os alunos com alguma pegadinha.
Todos esperavam ansiosos, cabeças e corpos para fora da sala.
Quando ela apareceu no final do corredor, correria geral! 
Como por encanto as peças do quebra-cabeça humano se encaixaram e num segundo estávamos todos sentados nas nossas carteiras, eretos, perfilados e em silêncio.
Ela entrou majestosa, chiquérrima, pisando firme e macio.
Cumprimentou a todos e depositou sobre a mesa de madeira (ainda era madeira!) dois vidros tampados: um marrom e outro com um líquido cristalino.
Disse que naquela aula iria nos dar a chave para a compreensão de todo o aprendizado da Química.
Silêncio total, respirações compassadas, olhos bem abertos, curiosidade!
Todos queriam saber o que estava por vir!
Apontou para o vidro marrom e disse: este vidro contém fezes.
Murmúrio geral! Ânsia de vômito, bocas torcidas!
Apontou para o outro vidro e disse: este contém água limpa.
Alívio!
Achamos que ela iria fazer alguma alquimia inusitada: fezes + água = a alguma explosão de gases fétidos????
Nada!
Calmamente, ela agitou o conteúdo de cada vidro com um pauzinho apropriado e disse: “Agora eu vou colocar o meu dedo no vidro com água” .
E assim ela fez. Depois, colocou o dedo na boca e confirmou: sim, é água pura!
Nós continuávamos imóveis, com os olhos arregalados.
O que viria agora????
E ela continuou com a lição: “Agora eu preciso conferir se no outro vidro tem fezes mesmo. Na química, a checagem dos dados é vital. Cheirar não basta. Alguém se habilita a fazer a mesma coisa que eu fiz com o vidro de água?”
Silêncio, respiração parada, olhos esbugalhados. Ninguém!
“Então eu mesma vou conferir.”
Petrificados!!!!
Ela colocou o dedo no vidro com fezes, levou-o à boca e solenemente degustou o conteúdo.
“Sim, são fezes”, disse ela.
Desfalecemos!!!!
Alguns vomitaram silenciosamente no estojo de canetinhas.
Nem por um segundo nos passou pela cabeça questionar nada!
Ela limpou as mãos em um imaculado pano branco e convidou um dos alunos ( provavelmente, tenha sido um dos exibidos que sentavam na primeira classe) a cheirar o conteúdo para tirar a prova. Mas ele recusou.
E Dona Gláucia continuava chique e segura, apesar de ter acabado de dar uma boa lambida em um dedo cheio de fezes.
Então, disse ela, alguém é capaz de dizer como eu fiz isso?
Aí a turma desparalisou e cuspimos as mais estapafúrdias hipóteses: misteriosas e complexas reações químicas de síntese, decomposição ou de simples troca!
Mas ninguém acertou!
A aula já estava chegando ao fim e a Cirilinha já ia tocar a sineta!
E Jacob ainda não havia criado a Sirmonele!
Nossa curiosidade era maior que o nojo! Queríamos saber.
Solenemente, ela saiu de trás da mesa de madeira e falou: fiquem pensando, que amanhã eu revelo.
Frustração!!!
Sempre elegante, pegou seu material e foi dar aula para a outra turma. Que também esperava em ebulição.
Alguns, durante a aula, já haviam se arrastado até a outra sala pela passagem secreta (uma tábua de madeira solta no chão da sala de aula) sorrateiramente, para comunicar o que estava acontecendo.
Então, o rebuliço era geral!
Ficamos o dia inteiro elucubrando sobre o segredo de Dna. Gláucia!
O recreio foi um verdadeiro evento, com discussões e apostas calorosas!
Na verdade, ela só desvendou o mistério no dia seguinte, depois de ter dado aula e feito a mesma demonstração para as três turmas.
“Querem saber a verdade? A verdade é que nenhum de vocês tem a qualidade mais importante para ser um bom químico: a observação!”
“Se tivessem observado corretamente, teriam percebido que eu coloquei um dedo no vidro e chupei o outro!”
Risos, indignação, surpresa???? Fácil! Agora todo mundo fingia que já imaginava isso!
E no recreio, com o rabo entre as pernas, cabisbaixos e murchos, mudamos de assunto e não se fala mais nisso!
Seguindo o discurso do Presidente: Mais que barbaridade!
Christina Trevisan

Colegas e correligionários do MR73,

Apesar de o caso já ter sido resolvido, tendo em vista as calorosas opiniões e os argumentos brilhantes contra as Matérias que Sobem e os Despachos que Descem (todos eles supervisionados por competentes Pais de Santos e Médiuns do País), acho pertinente, na condição de Assessora Secreta do Presidente Jacob, divulgar algumas manobras de negociações para esse caso.

Vai abaixo a carta enviada por mim (com autorização do Presidente) ao Excelentíssimo Ministro KimKim, revelando um dos grandes segredos do atual MR73.
Esta carta foi determinante para o encerramento do caso e a inocência comprovada dos "réus".

Excelentíssimo Ministro Kimkim,

Eu, Maria Christina Achutti Trevisan, pela autoridade que me foi concedida como filha do seu professor, o Digníssimo Bacharel Dr. Hygino Trevisan, quase Juiz da Comarca de Santa Maria, e casado com a Professora América R. Achutti, ambos fundadores rebeldes participantes do MR1923, o qual deu origem ao atual MR73, venho colocá-lo a par das operações secretas - OPA(Operação Pula Ano) realizadas quando um pequeno e seleto grupo de alunos do Colégio Olavo Bilac foram convocados para participarem dessa operação. 

Tudo foi detalhadamente planejado pelos participantes do MR1923 (Dna. Ivone do Ó era Vice-presidente), para que os alunos em questão fossem REALINHADOS no tempo e no espaço, para que pudessem compor a turma especialíssima em inteligência, subversão e cumplicidade.

Para isso, eles foram observados à distância, seus cérebros detalhadamente escaneados e mimeografados, suas capacidades avaliadas, seus DNAs analisados, e a cúpula do MR1923 chegou à conclusão que sim, na verdade eles eram semelhantes demais à turma que cursava regularmente o quinto ano primário, e fariam muita falta para a coesão, afirmação e atividades do movimento no presente e no futuro (hoje).

Então... PULA ANO!

Uma comissão secreta foi convocada, plano elaborado, professores subornados, estratégias fixadas, e eles foram admitidos na admissão.  

É claro, eles tiveram que ser muito treinados pela pouca paciência da Vice-presidente Ivone do Ó, cujos Ós de fúria e revolta pela missão que lhe foi concedida chegavam sonoros e bravios até a minha casa, a dois quarteirões de distância.

Mas o que importa é que eles são genuínos membros do MR73, brilhantes colaboradores, e corresponderam à altura a todas as expectativas e treinamentos do MR73, inclusive aquela já aqui mencionada, da Galinha e o Pau de Fósforo na Chuva Impiedosa.

  Agora que o nosso digníssimo Presidente Jacob já foi colocado a par de toda essa operação secreta, fica inocentada, portanto, a conivência dos referidos alunos (alguns já vestiram a carapuça, outros permanecem em silêncio, com medo de represálias) com estranho e aparentemente descabido ato.

Sem mais para o momento,
Atenciosamente,

MCAT do MR73

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Pequeno Herói

Peço licença, pois de tanto divagar em minhas lembranças, como a varrer os cantos da memória, fatos e recordações surgem e fogem ao meu controle.
E muito emocionou essa pequena passagem. Espero ser compreendido a tentar transmitir algo assim. Peço ajuda.
E foi quase desse jeito:

Pequeno Herói

Hoje me recordo com saudades da pequena casinha de madeira, sem pintura, sem cortinas, sem tapetes. Morada simples construída nos fundos de um terreno, muito próximo da minha casa lá em Santa Maria. Sem janela ou porta que abrisse para a rua, sempre ao sair ou chegar, era o caminho dos carros de uma grande garagem que sua família cruzava até conseguir alcançar seu pequeno lar. Nenhum luxo, poucos recursos, muito sacrifício, mas muita união entre eles. Assim morava meu pequeno herói com seu pai, sua mãe e sua pequena irmã. Família feliz e apaixonada, dava valor ao pouco que tinha e mirava com esperança o futuro, que um dia muito mais lhes traria.Faziam de suas dificuldades lições de onde tiravam os ensinamentos para enfrentar as durezas que a vida sempre lhes reservava. E não eram poucas, pois dependentes do pai, algumas vezes nada chegava a sua mesa quando emprego e oportunidade escasseava. Se faltava trabalho, não faltava esperança, pois sabiam andar para frente sem nunca desistir. Seu pai saia cedo, quando tinha trabalho, e ao voltar no fim do dia, mesmo não trazendo nenhum dinheiro, trazia em seu rosto a alegria e a esperança e, a distribuir seu carinho, envolvia todos com seus apertados abraços. Eu a assistir tais exemplos de vida sempre me perguntava como era possível ser triste, infeliz ou descontente tendo tanto a comparar com quem tão pouco possuía. E a mirar seus passos, tinha naquele pequenino herói o exemplo a seguir quando em meu mundo tudo parecia desmoronar.
E muito mais passei a considera-lo, quando numa dessas madrugadas frias, rompendo a porta de sua pequena casa, entra a notícia da morte, por assassinato, de seu querido pai. Como perder alguém tão importante quando se têm tão pouca idade. Pais deveriam ser proibidos de faltar enquanto não estivéssemos em condições de decolar para nossos próprios voos. Filhotes somente são abandonados após a compreensão de como seguir sozinhos suas próprias jornadas. Assim se comportam os animais, assim deveria ser com os humanos. Não foi justo perder o tudo que restava. 
Mas a vida exige mais de quem mais pode e, sem saber como e com muita coragem, esse pequeno herói passou a lutar pra proteger o que restou de sua família, pois afinal se transformara no homem da casa. E sua mãe, completamente despreparada e sozinha, inicia sua luta de guerreira feroz e decidida para dar condições e amor a seus pequenos rebentos que dela tudo dependiam. E eu a perguntar se isso era justo e como ser possível tanta perda e solidão. Arrancaram deles o que de melhor poderiam ter. Tiraram seu apoio, lhe colocaram pesos a carregar e lhes impuseram enfrentamentos num mundo grande, complicado e perverso. Passou a lutar contra algo maior que sua capacidade. E continuaram. Lembro dele, colega no Bilac, seguir outro  e retornar ao convívio para cursar nossa faculdade de engenharia. Sua pequena irmã atravessou o Bilac, continuou no Maria Rocha e engenharia igualmente cursou. Que grande lição. Que capacidade e exemplos deixados por esses grandes heróis. Todo o dia ele e sua pequena irmã para a escola iam carregando tão enorme fardo sem que nossa inocente ignorância e egoísmo percebesse tamanha dor e drama escondidas em seus pequenos corações. Ambos cresceram e venceram. Deles nada mais sei. Mas carrego a certeza que jamais desistiram da busca por seus lugares e por isso serão sempre vencedores. São exemplos de vida que ocupam nossos corações e nos empurram sempre para frente. Terem estado entre nós foi muito importante e significativo. Quando a vida nos joga para baixo, as passagens e trajetória desses exemplos de força, perseverança e abnegação nos mostram o caminho para cima. Exemplos que nos sacodem e salvam como boias salva vidas a nos trazer novamente a superfície toda a vez que a vida nos leva a afundar. Por isso necessitamos construir nossos heróis a nos mostrar caminhos e saídas que sozinhos não conseguiríamos descobrir. Nós também a alguém servimos de heróis. Nunca devemos perder este foco. A vida precisa aprender tais lições e nós a ela devemos ensinar. Muito obrigado pela lição grande guerreiro, grande Norberto Moro. A ti presto pequena e sincera homenagem. Que tua vida seja repleta de felicidade, te dando pelo menos, um pouco do tanto que de ti outrora tirou. Que todos estejam bem. Que todos fiquem bem.
                                                                                                               Jacob Chamis

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ATENÇÃO,

Solicitada a recontagem de tempo e alteração na lista de convocados para comemoração dos 40 anos da Fuga da Escolinha, ou seria Fuga das Galinhas, a formatura do 2º grau.(Pré requisito: cursos primário completo, ginasial e colegial, científico ou clássico, também completos). Segue:

FALTOU UM ANO.

Com certo constrangimento e frustração e por fidelidade ao rigoroso critério de contagem de anos, sinto obrigação de  colocar um pouco de água na cerveja deste alucinado encontro para comemorar os 40 anos de conclusão do 2º grau na gloriosa escola estadual Professora Maria Rocha. Quem um pouco de matemática aprendeu, ou seja, consegue ainda somar, sabe que foram necessários 5 anos de primário, 4 de ginásio e 3 de colegial para concluir a 40 anos o período escolar ora destacado. Quem não completou todo esse tempo, não pode ser considerado Quarentão.
Com tristeza, vamos ter de suspender amigos queridos, pois trata-se de farsa matemática. Caso queiram comparecer, somente acompanhado pelos responsáveis, ou munido de autorização, com fé pública, reconhecida em cartório.
Por outro lado, grandes reflexões, pois por ter dedicado um ano a mais da minha vida deveria saber um poço mais. Deveria ser assim.
Alguns furaram isso. Tiraram de suas vidas um ano inteiro. Esses afortunados, E EU SEI QUEM SÃO E ELES SABEM QUE EU SEI,  como num passe de mágica, fizeram um ano de estudo desaparecer.
E não estavam só, pois arranjaram cúmplice, uma tal de Ivone do Ó. Isso pela rima, até samba vira.
E todos se prepararam para o primeiro grande desafio de suas vidas. Assim como nós, tiveram pela frente o primeiro vestibular a enfrentar.
Pouca idade para tamanho compromisso. Maturidade forjada a competições dramáticas, que certamente deixaram profundas marcas em quem não logrou êxito.
Desafio  monstruoso, comparável apenas a corrida em direção a saída do útero, ocorrido uns dez anos antes dessa competição, quando cada um era apenas minúsculo e bonitinho espermatozoide. Desde tenro tamanho e quase nada de idade, grandes desafios a vida a todos impôs.
Para a grande vitória a superar o exame de admissão, como prêmio, vaga em tão nobre instituição que moldaria caráter, apresentaria conteúdos e colocaria em condições de enfrentamento em mundo cheio de perigos e armadilhas.    
Imaginem subtrair um ano de nossas vidas.
Tudo o que se passou durante todo o ano sumiu, ou não aconteceu.
Pobres coitados que com tanta coisa acontecendo num período tão rico de vida, simplesmente perderam como se, a dormir, um ano inteirinho não tivesse acontecido. Que coitados. Que perdidos. Que falsários. Talvez ainda hoje sejam uns atrapalhados por estarem fora de época.
Por outro lado, pensando melhor, o otário devo ser eu que dedicou um ano a mais para levantar cedo, assistir aula que nunca acabavam e fazer provas que tiravam o sono, enquanto alguns privilegiados não precisaram enfrentar esse calvário.
Que por essa malandragem hoje ainda paguem, nem que seja a se atrapalhar em questões de aritmética, ou alguma dificuldade nas concordâncias verbais.
De qualquer maneira, de alguns deles muito me afeiçoei, e sempre os tratei como irmãos menores que até para ingressar no colégio, ao descer a Niederauer, lembro bem que por segurança pediam para segurar minha mão ao atravessar a rua.

Boa pregaiada, grande gurizada. Que os deuses iluminem seus caminhos. E viva a República Riograndense. Que espetáculo. Mas que barbaridade!!!