Meu adorável Doval,
São aulas passadas que movem moinho.
Vamos a Biologia.
Ah, Biologia, que grande sofrimento.
Não fosse a ajuda de colegas nem caderno dessa matéria eu teria.
Não fosse José Luis Doval, nem nota eu teria.
Que matéria horrorosa.
Eis a história:
Dia de prova, dia de agonia.
Após súplicas e promessas, consegui convencer o Doval a me emprestar temporariamente sua prova.
Desta vez o plano era infalível. O Doval sentado a meu lado faria a minha prova. Eu a seu lado faria a dele.
Como fazer? Ora simples eu assino o nome dele na minha e ele o meu na dele.
Plano perfeito. Ótima solução. Genial. Maravilhoso.
Aí ocorre a grande tragédia, algo que não estava escrito nem nas estrelas e sem aparente solução.
Para evitar qualquer tentativa de cola, a professora, fez trocas separando os "não confiáveis". Cada um num canto da sala.
A mim sobrou a primeira fila, junto a mesa da professora. Era a ruína. Como vou sair desta.
Era uma injustiça quase divina. Afinal toda a nota que faltava para mim, sobrava para ele.
Era muita esbanjação de nota. Nem o comunismo acabaria com tanta nota boa. Era um latifúndio de notas elevadas.
Lembro de ir a casa dele só para visitar as suas notas .O quarto era forrado de belas notas.
No meu, mesmo juntando com as de meus irmãos não chegava aos pés das notas do Doval. Que belo rapaz.
Mas vamos lá. Prova transcorrendo, nenhuma resposta vinha a minha cabeça. Até a data ficou confusa.
Tentei o máximo, acima de minha capacidade. Respostas poéticas, mas evasivas quase sem sentido.
Todo o esforço para melhorar a nota do Doval. A minha boa nota já estava garantida..
Coitado do Doval. Que vergonha.
Mas então me questiono e me apavoro. Como entregar a prova?
Pois bem, o tempo passava e eu olhava para o Doval. Mais um pouco, olhava outra vez.
Percebi então que ele parou de escrever.
Era a deixa. Sem pestanejar, levantei e disse:
-Vou entregar a prova, professora.
Me dirigi então para o lugar do Doval, arranquei a prova dele, agora em meu nome, misturei as 2 e retornei para junto da atônita professora.
-Mas o que é isto bradou a mestre.
-Nada professora. Como estudamos juntos, fiquei curioso. Pena, pois acho que ele não entendeu nada.
Não sei como, mas ela levou num boa. Acho que por pena de mim, pois eu jamais passaria de ano.
Deu boa nota para mim e péssima para ele.
Mas ela sabia, pois escreveu na minha(dele) prova. PARABÉNS ALUNOS.(assim no pural)
E na dele(minha) - VERGONHA, DOVAL, ETC.
Tenho certeza que o etc era eu.
Carrego comigo até hoje uma foto do Doval em reconhecimento pelo sacrifício.
Que belo rapaz
Jacob
Lembro do Papagaio que praticamente avançava sobre a prova de outro colega que não lembro quem era, para poder se dar bem nas provas.
ResponderExcluirMas já não tenho certeza se isso ocorria no 3º ano...
Tanto tempo...
Abraços!
kida
Papagaio: vulgo Hélio, namorou a Geca!
ResponderExcluir