segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ENG° JACOB CHAMIS

E o vento Levou:

O senhor de nossos ares era quem tudo remexia.
Parecia estar sempre a procura de alguma coisa.
Parecia nunca sossegar.
Inquieto, jamais parava de azucrinar. 
Estou falando do Vento Norte, nome próprio de tão levado companheiro. 
Maravilha repetida por breves dias, sempre a anunciar chuva que se aproximava.
Dias diferentes. Dias interessantes.
Belo, forte e impávido colosso, tua presença espelha essa bagunça. É quase nosso hino homenagea-lo.
Eram ruídos que dobravam esquinas, portas que batiam, janelas que abruptamente se fechavam.
Eram os luminosos de acrílico, patrocinados pela Pepsi, identificação de um bar qualquer, que balançando se lançavam sobre as calçadas, e presas a barras de ferro, colocadas nas paredes das fachadas, ameaçavam se soltar para ao estraçalhar no chão, emitir assustadores e belos sons.
Esse mesmo vento parecia querer juntar tudo que surgia em seu caminho, erguer para cima e depois debochadamente soltar em outro lugar qualquer.
Sempre teimoso, sempre rebelde, mas nunca dominado. Intrigante esse vento.
Aparecia do nada, nem licença para ficar, tampouco pedia para sair. 
Mas ele era o encanto de nossas vidas. Que excitante sair as ruas a observar expressões diferentes, contrariadas, contorcidas, olhos lacrimejando e principalmente saias a voar. 
Exatamente, para elas todo o cuidado era pouco, toda a atenção indispensável. 
O danado fazia por pirraça tal desaforo. Segurar com as mãos para não levantar as saias e ao mesmo tempo evitar que o cabelo, teimosamente, ficasse em total desalinho.
E saíamos em bando a observar esses espetáculos de tamanha beleza e pura sensualidade.
E ele era camarada, pois mexia nas saias no momento exato que estávamos passando. 
Erguer, levantar tudo pro ar, desarrumar tudo, vagar sem destino. Esse era seu objetivo. 
Que bons ares o traziam meu querido Vento Norte. Por onde andas que de minha vida sumiste. Em algum lugar estarás a atrapalhar os que te detestam e a deliciar aos que te querem moleque.

Saudades do Vento Norte.
Jacob Chamis

5 comentários:

  1. Ah! Que linda lembrança!

    O Vento Norte tinha até um cheiro peculiar!

    Ai, nossas saias!!!!
    Ai, as telhas do casarão da Dona América, com mais de 22 janelas e portas a bater!!!
    De vez em quando ele ultrapassa as fronteiras e vem reinar em Sampa!
    Acho que para trazer as nossas lembranças!
    Bjs. da Chris

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  2. Oi Jacob e colegas

    Que linda recordação.
    Hoje nem o vento norte é o mesmo, aqui em Santa Maria.
    Lembro bem que nossa saia do ginásio, toda de preguinhas, era um desafio dia de vento norte, principalmente na esquina da Niederauer com a Floriano Peixoto. A salvação era a saia de baixo, mais justinha, que resistia aos redemoinhos do vento norte.
    Saudades do vento norte.
    Abraço
    Maria Helena Rigão

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  3. Antes que o Vento Norte misture tudo (Muito Bem, Nota 100!), vou resgatar o texto do fim de semana.
    Excelente a lembrança e a descrição, Jacob!!!
    Me integro à reverência à Prof. Lueci, corresponsável pelo gosto que pegamos pela Matemática.
    Foi tão importante e bem feita a lição dela, que muitos de nós a usamos como base de nossas carreiras profissionais.
    Valeu, Lueci Siqueira!!!
    Marcelo Cóser

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  4. Grande Jacob,
    Estás cada vez melhor, cara! Cada vez me surpreendo mais com esta veia poética!
    O famoso vento norte....muitas emoções, as vezes tbém preocupante.....como eu era muito magro, seguidamente ele me vencia em alguma esquina....ou na subida da Bozano,
    perto do antigo Imperial (cinema de muitos domingos durante minha infância)
    Valeu, Chamis! Belas recordações!
    abs/Gerry

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  5. Jacob, que lindo texto! Mais um. Estou em aplausos aqui.
    Beijo, guri.
    Vera Pinheiro

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