sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MYRIAN CUNHA KRUM

Atenção Grupo dos " Quarentões" !!!!!!

Terça-feira teremos reunião da diretoria da AMAR para organização das mesas dentre outros assuntos. Precisamos ter uma previsão de quantos lugares deverão ser destinados aos " quarentões". O Enio sinalizou três mesas de dez lugares cada uma! Pensei em reservar quatro!!! Será que não precisarão de mais?????
Poderiam nos sinalizar suas presenças?????
Aguardamos manifestação de todos!!!
Grande abraço a todos. ( mesmo não conhecendo alguns!!!)
Myrian Krum ( esposa do Solano Krum, cunhada do Enio e Nabor )

ENG° JACOB CHAMIS

Naquela Estação,
Sentado em meu lugar, olhando pela janela de minha sala de aula, ficava a sonhar imaginando para onde levaria tantas vidas esse trem que insistentemente não parava de apitar. Como grandes paralelas, seguiam os trilhos em direção a velha estação situada a última curva daquela longa avenida que, partindo do centro, rumava ladeira abaixo a mergulhar em enorme largo de paralelepípedos tal qual uma grande lagoa de pedras. Dançando sempre em frente chegavam ou partiam desta estação tantos vigorosos trens quantos em seus trilhos coubessem. Seus encantos e sua magia se davam a cada embarque e desembarque. Seu cotidiano era de repetidos encontros e desencontros. Quem chegava buscava com seus braços os abraços nos braços de quem encontrava. Quem partia oferecia seus braços aos abraços dos braços de quem separava. E em jornadas de partidas e chegadas sempre o mesmo trem a papéis tão opostos se prestava. Até hoje lembro, quando ainda criança aguardava ansioso, a correr pela estação para apressar o tempo, a chegada do trem que a tantos tanto trazia. E na plataforma, a juntar seus cacos de vida, ficava quem nesse lugar permanecia. Saudade dividida em partes iguais onde uma metade seguia levada com quem partia e outra ficava guardada por quem ali permanecia. Alegrias dos reencontros compartilhadas com dores das despedidas, tudo numa mesma plataforma. Composições que de tão grandes quase na estação não cabiam, e como por mágica, no horizonte lentamente desapareciam. Belas viagens, grandes passeios. Quem não os fez?

Na estação de Santa Maria a mirar pontos opostos, num olhar a fronteira se podia enxergar, e para o outro o litoral observar. Tudo sem sair da mesma estação. Posição estratégica dessa cidade, onde a distância de tudo é sempre metade, por caprichosamente estar situada no meio de todos os caminhos.

Em tempos idos adiante tenho a lembrar das viagens no trem Húngaro em direção a capital vindo de Uruguaiana, ou contrariamente de Porto Alegre retornando a fronteira. Como novos horizontes de progresso ao nosso convívio parecia ter chegado para sempre ficar. Trem moderno de belos jantares servidos. Viagem moderna parecendo nos conduzir a um futuro que não teria fim. Viagens interrompidas que se perpetuaram em nossa memória. O que foi bom pouco durou, e hoje locomotivas, estações, plataformas e velhos trilhos só nas grandes viagens de minhas doces lembranças.

E foi dessa estação que, já a distantes 40 anos cada um partiu em busca de seu próprio encontro. E é para essa mesma estação que agora todos retornam em busca de seu novo reencontro.
Jacob Chamis

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

MARCELO COSER

Agora ela extrapolou. Vejam a última…, assim não vai dar!!!
Pede que também levem os Boletins do Olavo Bilac, com o Visto dos Responsáveis…, desde o Primeiro Ano Primário (1963, há 50 anos!)!!!
E no dia, enquanto estiverem avaliando estes documentos solicitados para análise, disse para aguardarem sentados sob o Chorão (Salseiro) que tem à esquerda da rampa de acesso da rua ao pátio do colégio, em frente à quadra aberta de basquete, ali, perto da cesta onde fica o Pipoqueiro.
Nem no Pavilhão poderão entrar ainda...
Abc,
Marcelo Cóser



  

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MARCELO COSER

As exigências não pararam na Carteirinhas...
Uma coisa é se identificar, outra é entrar!!!

Para a entrada no Colégio no dia da festa, parece que a Diretora Darcila de la Canal Castelan está pedindo que apresentem os Boletins de Notas do aluno no 2º Grau Maria Rocha – Ginásio e Científico / Normal. 

É melhor levar...

Abc,
Marcelo Cóser




terça-feira, 27 de agosto de 2013

ENG° JACOB CHAMIS

E agora João?
O cacaio e eu, nos anos idos de 90, 91 ou 92, sei lá, tínhamos 2 filhos, Gabriela, comigo e Pedro, com ele.
E, na verdade, naquele momento eramos apenas nós quatro.
Hoje temos Nathália, Juliana e Luíza. Ele padrinho de Juliana e eu de Luíza.
Mas vamos aos acontecimentos.
Cacaio morava na Duque, tinha um cachorro salsicha chamado Frederico, e ele é o personagem.
Como no apartamento tinha forração e o Frederico implorava sempre para sair, começou a cavocar na forração, junto a porta da rua.
Cavocou tanto que soltou a forração prejudicando a abertura da porta do apto.
Era difícil entrar, pois a porta trancava. Um dia isso seria consertado. Mas não foi.
Certo dia chega Cacaio em casa, muito apertado, alucinado por um banheiro, necessitando seu precioso vaso.
O almoço fora muito bom, mas fora feijoada.
Tenta, empurra e chuta a porta e se desespera.
Continua lutando ferozmente, fazendo muito barulho, porém necessário,pois era caso de vida ou merda, digo morte.
No apto ao lado, morava uma boa senhora que assustada com o barulho veio a porta.
- Nossa o que acontece aqui, disse ela aflita.
- É que a porta trancou e preciso entrar pois estou necessitado, disse Cacaio.
- Pois meu filho, sei como é isso, venha ao meu banheiro, não tem problema.
Desesperado, sem pestanejar Cacaio entra no apto, vai ao banheiro e de lá grita:
- Não quero incomodar mais, mas a senhora por acaso não tem a última Playboy?
A partir daí ficaram bons amigos, tanto que passaram a dividir a faxineira.
Mas Frederico também mostrou-se astuto e esperto.
Pedro e Gabriela sempre pediam para passear com o cão, e ele sabia que iria sofrer, pois era puxado, apertado e empurrado. Coisa de criança.
Pois um belo dia, ao ouvir que haveria passeio, o pequeno cãozinho, apavorado, correu para o canto da sala e, pasmem, fingiu estar dormindo.
Isso mesmo, dormindo. E era tão real que ele até roncava.
Bom cachorrinho.
E esse é o João, tão querido, que por ironias que não se compreende bem, perdeu seu muito amado Pedro naquele horroroso acontecido.
Lembro do amor dado a esse filho. Alias, o Cacaio é um cara assim, que ama desesperadamente.
Mas hoje a dor rebenta seu coração todos os dias e assim será para sempre.
Ninguém que não passou por isso imagina como é.
Perdão por estar escrevendo isto, mas todos temos a obrigação de compreender tamanha dor.
Peço a todos que tem filhos que olhem rapidamente para cada um deles e imaginem nunca, mas nunca mais poder abraçar, beijar ou segurar suas mãos.
É totalmente enlouquecedor.
Minha esperança é a transformação dessa dor, talvez um dia, com o poder do tempo, em energia que vira mais amor para mias mais amor receber.
Isso tem que ser assim. Essa dor tem que virar mais amor. 
Pelo Pedro ele há de se reconstruir. Esse amor pelo seu amado filho se transformará em fonte inesgotável de mais amor.
É como panfleto de esquina dado a quem simplesmente quiser receber.
Amo esse cara e sei que todos também.
Nunca junto dele me senti desamparado. Ele tudo o que tem sempre divide.
Amor ou indiferença. Essa é a sua vida. Intensa raiva as vezes, muita encrenca quase sempre.
Mas é assim, bem simples, quem quer que assim o tenha.
Caso contrário, nunca será esse maravilhoso sujeito.
Minha homenagem a Maria Cecília, mãe de Pedro.
Minha dor e homenagem a toda a cidade. 
Nem todos conhecem o Cacaio, nem todos talvez saibam quem é João Carlos Nunes da Silva.
Mas ele existe e está por aí perto de todos vocês.
Abracem ele, será bom para tudo.
Jacob Chamis

ENG° JACOB CHAMIS


A aula corria solta.
No IMA, casa antiga, muito antiga, enfrentamos o último ano de nosso colegial.
Construção moderna para a época que o bisavô da Prof Maria Rocha, ainda criança, ali estudava.
Mas enfim, foi o melhor que conseguiram para nos colocar em aulas pela manhã.
Foi uma grande novidade.
Num certo dia de aula, saio de casa, já atrasado, corro pela Duque até a Bozano e desço embalado como sempre, até a Conde de P.Alegre.
Aí entre essas importantes artérias, o  IMA e, estacionado junto ao cordão, o magnifico automóvel Fubica de Antonio Vollino de Vargas.
Chê que espetáculo. Que coisa formosura. Foi amor a primeira vista.
Entramos na sala, não se falava noutra coisa.
Nem todos estudavam na mesma sala, mas todos formavam uma única turma.
Mas a fubica é a vedete nesta história.
Era uma grande paixão que todos nutriam por ela.
Quando ela chegava nossos corações disparavam e nossos olhos brilhavam.
E o plano já estava elaborado.
O Vollino envolvido em mil atenções, mil carinhos de modo a nunca se aproximar da porta de entrada do IMA.
Roubar a Fubica era simples. Bastava conseguir um prego, colocar no buraco apropriado do painel e dar a partida.
Todos carregavam um prego dentro da pasta. Todos tinham uma duplicata desta chave mágica.
Ligar e sair era fácil, difícil era organizar a fila para o uso.
O plano era contornar a Niederauer até os bombeiros e retornar pela Bozano.
Tudo planejado, tudo combinado. Grupo saia sorrateiramente, grupo retornava disfarçadamente para dentro da sala.
Nunca vi tamanha sincronia. O coração sempre batia acelerado.
Era um sucesso. 2 na frente e 3 atrás, tipo Huginho, Zezinho e Luizinho, pois o banco traseiro era tal qual o Pato Donald´s car.
Não vou nominar ninguém pois vou inocentar alguns por esquecimento, mas não houve exceção nesta empreitada.
Mas num infeliz dia, a Fubica cansa e nos deixa na mão lá por perto da Ipiranga, talvez como castigo da traição por termos ido tão longe.
Difícil foi voltar. Pior retornar a tempo, antes do final da aula. Mas o catastrófico seria comunicar ao nobre proprietário o ocorrido.
Ele sempre soube de tudo. Nunca demonstrou saber. Era uma raposa. E sempre consentiu, tipo irmão mais velho a cuidar de seus caçulas.
Um grande coração. Uma bondade absoluta.
Mas não teve perdão. Nunca mais chegamos perto da Fubica.
Sofremos feito petiço emprestado.
Mas o Vollino nos impôs essa lição.
Nosso amadurecimento dependia daquele castigo.
Crescemos, mas até hoje não posso ver um prego que choro.
Minha amada Fubica. Que saudades.
Jacob Chamis

ENG° JACOB CHAMIS

Meu adorável Doval,

São aulas passadas que movem moinho.

Vamos a Biologia.
Ah, Biologia, que grande sofrimento.
Não fosse a ajuda de colegas nem caderno dessa matéria eu teria. 
Não fosse  José Luis Doval, nem nota eu teria.
Que matéria horrorosa.

Eis a história:

Dia de prova, dia de agonia.
Após súplicas e promessas, consegui convencer o Doval a me emprestar temporariamente sua prova.
Desta vez o plano era infalível. O Doval sentado a meu lado faria a minha prova. Eu a seu lado faria a dele.
Como fazer? Ora simples eu assino o nome dele na minha e ele o meu na dele. 
Plano perfeito. Ótima solução. Genial. Maravilhoso.
Aí ocorre a grande tragédia, algo que não estava escrito nem nas estrelas e sem aparente solução.
Para evitar qualquer tentativa de cola, a professora, fez trocas separando os "não confiáveis". Cada um num canto da sala.
A mim sobrou a primeira fila, junto a mesa da professora.  Era a ruína. Como vou sair desta.
Era uma injustiça quase divina. Afinal toda a nota que faltava para mim, sobrava para ele.
Era muita esbanjação de nota. Nem o comunismo acabaria com tanta nota boa. Era um latifúndio de notas elevadas.
Lembro de ir a casa dele só para visitar as suas notas .O quarto era forrado de belas notas. 
No meu, mesmo juntando com as de meus irmãos não chegava aos pés das notas do Doval. Que belo rapaz.
Mas vamos lá. Prova transcorrendo, nenhuma resposta vinha a minha cabeça. Até a data ficou confusa.
Tentei o máximo, acima de minha capacidade. Respostas poéticas, mas evasivas quase sem sentido.
Todo o esforço para melhorar a nota do Doval. A minha boa nota já estava garantida.. 
Coitado do Doval. Que vergonha. 
Mas então me questiono e me apavoro. Como entregar a prova?
Pois bem, o tempo passava e eu olhava para o Doval. Mais um pouco, olhava outra vez.
Percebi então que ele parou de escrever.
Era a deixa. Sem pestanejar, levantei e disse:
-Vou entregar a prova, professora.
Me dirigi então para o lugar do Doval, arranquei  a prova dele, agora em meu nome, misturei as 2 e retornei para junto da atônita professora.
-Mas o que é isto bradou a mestre. 
-Nada professora. Como estudamos juntos, fiquei curioso. Pena, pois acho que ele não entendeu nada.
Não sei como, mas ela levou num boa. Acho que por pena de mim, pois eu jamais passaria de ano.
Deu boa nota para mim e péssima para ele.
Mas ela sabia, pois escreveu na minha(dele) prova. PARABÉNS ALUNOS.(assim no pural)
E na dele(minha) - VERGONHA, DOVAL, ETC.
Tenho certeza que o etc era eu.
Carrego comigo até hoje uma foto do Doval em reconhecimento pelo sacrifício. 
Que belo rapaz

Jacob

ENG° JACOB CHAMIS

Dias difíceis aqueles,
Vontade de ter cabelos longos, afinal John, Paul, George e Ringo usavam e o Ronnie Vonn também.
Mas não tinha jeito. Era perseguição total e contínua.
Na entrada da aula, revista. E era diária.
Consistia em abotoar o botão da camisa, tipo para por gravata, e mostrar se o cabelo cobria o colarinho.
Bem simples, não cobria entrava na aula, cobria ia embora.
Um sofrimento. E a vergonha, e a perda do conteúdo escolar.
E era diário. Já existia um projeto em abrir um salão só para esses casos.
Seria chamado de "Salão Coque D'ouro" e cobraria  algo como R$ 0,80 nos dias de hoje, só para os custos. 
Seria na garagem do Rui, em frente. Projeto abortado, não deu certo, a mãe do Rui não emprestou a tesoura nem a touca térmica que serviria de molde para o corte.
Revolta, ódio, vontade de sair as ruas em protesto. Não seria pelos vinte centavos. Seria pelos 2 centímetros de cabelo.
O que fazer. Organizar uma passeata, comício ou alguma coisa para acabar com aquela repressão.
Várias reuniões, comissão organizadora, panfletos, tudo combinado.
Esperávamos 2 mil adesões, era de derrubar o governo, ou talvez apenas a diretora.
Dia marcado, e, apenas 4 solitários guerreiro, Jacob Chamis, Marcelo Cóser, Luis Fernando Ribeiro e Asdrubal Calil.
Muita desilusão, mas porém que energia positiva entre os 4 guerreiros. Os únicos heróis daquela causa.
O que fazer? Por onde atacar? E quem derrubar primeiro?
Não iria dar certo. Não tinha saída.
Se queriam mártires então teriam mártires.
Tomados de coragem partimos em busca de nossos algozes.
Sentados na cadeiras do barbeiro assistimos impávidos nossos cabelos escorrerem até o chão. 
Era pura dor. Ficamos desfigurados. Mas a causa assim exigia.
E tomados de gana e garra, rumamos em direção ao Maria Rocha.
Quatro reluzentes carecas, adentrando aos corredores em direção a secretaria.
A Clecy sentou. A Darcila, debruçou-se sobre sua mesa.
E com olhares fúlgidos bradamos.
-E agora, está bom esse tamanho?
Foi glorioso. Foi arrasador. Foi emocionante.
Só não foi para mim, em casa, meu pai me proibiu de sair de casa até o cabelo crescer.
Mas que valeu, valeu.

Jacob Chamis

ASDRUBAL CALIL


Caríssimo, bom dia!
Anexo, foto da turma de 61 do Jardim do Bilac. Vários que aparecem também foram alunos do Maria Rocha.
Eu, a Christina, a Juka, o Léo estamos aí. Vamos ver quem mais se identifica.
Olha, estou curtindo muito tudo isso, mas não podes imaginar o que está causando no Jacob; ele está enlouquecido, acho que está resgatando um elo perdido com Santa Maria - maravilha.
Um grande abraço!
Kimura - menos conhecido como Asdrúbal, conforme nosso cronista.

CHRISTINA ACHUTTI TREVISAN

Esta veio de Maria Christina Achutti Trevisan.
Escrita por ela, estragada por mim.

Naqueles tempos idos estudar línguas não parecia indispensável.
Se os filmes eram legendados, certamente os contatos com estrangeiros seriam dublados.
Era a nossa esperança.
Mas o colégio não pensava assim e nos enchia de aulas de inglês e francês.
E não era ruim, se ministrado com competência.
E era o caso da Prof. Alda Pippi. ( Deus um dia aprenderá francês com ela).

Mas os fatos.

Sentados na mesma fileira, dois maravilhosos colegas, Christina e Clóvis Menezes.
Ela tartamudeava e ele gaguejava.
Nota: acho que eles falavam devagar, mas Christina insiste que gaguejavam.
E acrescento que ela era musa no meu 5º ano primário e ele minha alegria, novo colega e já amigo querido.
Novo também na cidade, fazia pouco, Clóvis chegara de Santa Cruz do Sul com sua guitarra, pois tocava baixo ( não altura) num conjunto musical.
E baixo também era o volume do instrumento, para não desafinar a música, creio eu.
Mas a aula? Continuamos nela.
Eu sentava próximo deles. Era o máximo. Ele tentando se entrosar puxava assunto com ela. Ela muito amável dava trela.
Mas que conversa original, imaginem, só para dizer de onde veio, ele levou um período inteiro de aula.
Ela só para dizer que entendeu, mais outro período.
E foi na aula de francês que ficou evidente o trancamento da fala deles.
Entra Alda Pippi na sala com seu tayer azul hortência celeste. Espetacular. Uma varinha numa  mão e uma pasta na outra.
Nessa pasta figurinhas a serem coladas magicamente num quadro de isopor para conduzir modernamente a aula.
Artifícios precursores do  datashow moderno. Turma em silêncio pela rigidez da condução de suas aulas.
Fixados nesse mágico quadro, xícaras, copos de água, de leite e até de cerveja.
Conjugar o verbo “boire”.
Je bois de café, je bois de café au lait, jê bois de la biére, jê bois de la gazeuse.
Sua varinha apontava e todos,ao mesmo tempo, repetiam as frases.
Depois individualmente. Aí vem encrenca imaginei eu a medida que ela se aproximava de Christina e Clóvis.    
Primeiro o Clóvis, girou e baixou a cabeça, apertou a boca, girou no mesmo lugar, bateu com o pé no chão, piscou, trotou mas a frase não saiu.
Risada geral, não por deboche, mas porque qualquer coisa era motivo de riso, tudo era muito, muito engraçado. Até engasgar provocava risadas.
Senhora Alda Pippi achou que era deboche dele, vermelhou, silenciou furiosa e foi em frente.
Mas por ironia da vida, era a vez da Christina. Frase a dizer: Je bois de cóca-colá.
Tranca, torce, gira na ponta dos pés, sacode os cabelos e nada. Era impossível, a filha do Hygino, também provocando a professora?
Isso é o final dos tempos.
-Maria Christina fale, não brinque comigo, me respeite, disse ela.
E para piorar tudo o Clóvis ainda falou:
-Te-te-tenta Chri- chri-chrisssssssssstina, fa-fa-fa-fa-fala.
Aí o mundo dela desabou. Para nós, a glória. Talkshow de dupla, de improviso. Inimaginável.
Até os dois entraram no clima e riram, a Roseli, mais atrás, caiu da cadeira. O circo se completou.
Menos para a professora. Nunca em vinte anos de magistério ela foi tão humilhada. Mas o riso corria solto.
Roxa de raiva, sobrou para a Roseli também. Todos encaminhados a Darcila.
Para piorar, foram as gargalhadas.
E para piorar ainda mais, como iriam explicar os fatos?
Nada foi intencional. Era problema fonoaudiológico. Eles eram vítimas. Culpados foram os que riram.
E a explicação teve que ser intermediada pela Roseli, pois se dependesse deles demorariam umas duzentas horas.

Essa foi contada pela Chris, mas devido a truculência do texto, por gagueira, sofreu adaptações.

ENG° JACOB CHAMIS

Para os que não sabem, esses encontros anuais do Maria Rocha começaram pela Banda.
E segundo o Ênio, cada ano os quarentões são chamados, mas tudo iniciou em homenagem a Banda.
E eu quero também homenagear a Banda.
A Banda também me pertenceu e foi assim que tudo passou.
Foi entre magníficas que surgiu a Banda Marcial Profª Maria Rocha.
Banda Marcial Manoel Ribas e Banda Marcial Irmão Leão, eram as magníficas.
Mesmo caçula entre as grandes, ela cresceu,tornou-se a mais amada, tocava a melhor música e era a mais querida.
Mas para mim nem tudo começou bem. 
Fiquei muito entusiasmado, ao ver o movimento no pátio depois da aula. Foi amor a primeira vista.
Virou meu sonho participar dessa maravilhosa Banda. Virou obsessão.
Era pequeno, ainda um “prego”, mas eu estava apaixonado, morreria se não participasse.
Quanta dor, ledo engano, não me quiseram. Minha amada não me quis. Meu amor tinha sido rejeitado.
Lembro bem, a sala da banda no porão do pavilhão do colégio, lá no fundo, próximo aos bebedouros, no caminho dos anexos.
Era um entra e sai dos integrantes para pegar seus instrumentos e correr para os ensaios individuais. Uma grande movimentação.
Porque não posso. Por favor, me deixem participar. Volta outro ano minha criança, disse Amauri da Luz, fundador e responsável por minha Banda.
Teria muito orgulho em participar, eu implorava. 
Não teve jeito, fui rejeitado e com a mão sobre meu ombro, fui convidado a me retirar daquela sala. Deveria ir embora. Deveria crescer e então voltar.
Eram inicio da noite, fim da aula, e foi o pior dia da pior semana de toda a minha vida até aquele momento.
Tentei não chorar, mas foi impossível. Da porta da sala da banda, até o portão principal, choro miúdo, lagrimas serenas, mas uma dor no peito que não tinha tamanho.
Nem o Pluto, nosso guarda, entendeu meu choro ao cruzar por ele em direção a minha casa na frente da Pracinha Saturnino de Brito.
Eu morava a uma quadra do Maria Rocha, mas foi um longo caminho a ser percorrido. Luzes, carros, pessoas, cruzavam por mim e a dor não cessava nunca. E demorou a passar. E até crescer, assisti a saída da Banda, a minha Banda, do pátio do colégio em direção ao Desfile da Mocidade.
Meus desfiles eram nos grupinhos de alunos que nos obrigavam a participar para representando o colégio, seguir a Banda, a minha Banda. Mas eu estava fora dela.Acho que eu não merecia essa mágoa.
Finalmente um grande alento, minha hora chegou, fui aceito e agarrei como pude essa oportunidade. Finalmente eu iria fazer parte dela, até que enfim meu momento chegara. Então chorei, mas por puro contentamento, não cabia em mim tamanha felicidade. Era enorme meu orgulho.
Estava mais alto, tinha mais postura e finalmente outros ventos para mim sopravam. E continuei como tocador de pífaro por um longo tempo.
E nossos desfiles. E as saídas noturnas para ensaios pela cidade. Essas recordações serão eternas. Minha Banda me deu o que sempre sonhei.
E os shows de nossas músicas E os shows de nosso baterista, Jair Alan, que nos fazia marchar como flutuando no asfalto. Éramos os melhores. Para sempre seremos.
Sempre fui feliz na Banda. Sempre tive orgulho dela.
Sempre fomos aplaudidos, sempre fomos saudados, como se cada o coração a nos ver passar, fosse tocado por canções de amor. Mesmo sendo marcial éramos musicais.
Tive a felicidade, carregando a Bandeira a frente dela, sonhar vivendo esses momentos inesquecíveis a bordo dela.
Sei que todos amaram nossa Banda. Mas jamais alguém a desejou mais do que eu.
Que se morra dessa boa saudade.
Jacob Chamis

AQUIDABAN FLORES MACHADO

Encaminho uma fotinho atual.
É estilo Caras, hehehehe.
Estou gostando demais de toda essa fuzarca.
O Jacob está dando um brilho todo especial com suas histórias e estórias.
Quero estar em SM no dia 05/10!
Grande abraço!

ENG° JACOB CHAMIS

Sempre na tarde de sexta-feira.
A espera já causava frisson.
Que maravilha, descer a Conde, avistar o campo e ficar no bolo de gente a jogar conversa fora.
O campo era irregular, a grama escassa, mas era nosso, o lugar sagrado de nossas peladas.
Jogo legal. Movimentação intensa. Nada no mundo interessava mais. O tempo parava durante os jogos.
Não sei quem era craque. Mas eu sempre participava, o que era muito bom. Pior seria ficar olhando, esperando furo.
Quem não era escolhido entrava durante a partida, como consolo, e por não ter ido embora.
Só o Kimura que na época era do Santa Maria, não podia jogar. No Darcilão só quem era do colégio.
E ele ingressou no Maria Rocha só por isso. Coisa de paixão por nosso campo.
Com chuva então, ficava melhor ainda.
A água a beijar o rosto, cabelos escorridos, roupa encharcada e o tombos dentro d?água. Pura alegria.
Foi num desses jogos que algo diferente ocorreu.
Perdemos um jogador. Bem assim, alguém desapareceu e demoramos a encontra-lo.
Normalmente, um chute mais forte e a bola sumia no matinho atrás do gol, mas jogador, jamais sumira.
Estádio perfeito. Arquibancada imaginária sempre lotada.
Mas e o jogador sumido. Foi o bosta do Nabor. E foi assim.
Bola no centro, inicia a partida, saída para frente, era da regra, e o recuo imediato até o beque para levantar a cabeça e dar um bago pra longe.
Bola na outra área, disputa intensa, luta feroz e a pelota, coitada, espirrada de volta ao meio do campo. A bola é jogada pra lá, pra cá, empurra, derruba, chutes nas canelas, até que alguém em disparada se desloca pela ponta gritando, passa, passa , tô livre, tô livre, já patinando no barro. Era ele, o Bosta,  correndo em disparada na direção do gol adversário, antes mesmo de receber a bola.
E aí começou o drama. Chovia muito. Água que nunca acabava. O ponteiro, nosso personagem, pesando no máximo trinta quilos, escorregou, e por ser leve feito pluma, voou. Literalmente voou em direção ao matinho atrás do gol. Alguém grita, volta seu merda, vem pro teu lugar, não te fresqueia.
E ele não voltava, o jogo transcorria e o Nabor não voltava. Segura tudo, vamos verificar. Procura ali, olha acolá, desce o barranco, entra mato adentro e então lá está ele, enfiado dentro de um buraco com lodo até o pescoço, todo lameado e arranhado.
Tira ele daí. Tira ele daí. Vendo a dificuldade, os que estavam próximos, comentam:
Deixa que pra eles, o cara é do time deles. Virou discussão, mas ninguém foi ajudar o moribundo. Ele continuava no buraco.
A discussão parou, pois ele saiu sozinho.
E todo contrariado, brabo, disse:
-Vão tomar no cu, não jogo mais, seus putos.
Deitamos rolando pelo barro rindo de tamanha fúria, mas como ele não jogava nada, podia ir embora.
Nem ia fazer diferença, o jogo até melhorou, sobrou mais espaço.
Mas o remorso tomou conta, paramos o jogo e fomos buscar nosso querido ponteiro inútil.
Ele até era legal, mas não jogava nada, era muito ruim.
Mas jogo assim, nunca mais. Não com turma tão boa. Não com tamanha alegria.

Jacob Chamis

GERRY CORINO

Cláudio Roth, que depois - na época da faculdade - se tornou meu grande amigo "Clarabela", com muitas histórias e estórias em comum,  imagino seu lado psicológico depois do IMA! Deve ter sido horrível..........ou não!! abs

Prezados,
Me vejo hj - depois que fui conclamado pelo Kimura - como um guri que descobriu uma coisa nova. To buscando momentos para dar uma fugida na pasta "pessoal" e ver/responder/escrever email de nossa turma!
Abs a todos que estão fazendo disso parte de meus momentos de vida! Isso não volta nunca mais!
E corroboro, com nosso presidente - quem não fala/escrever algo vai ter que ouvir! Nunca antes na história de nosso país..................................................
Tenho dito!
abs e bom fim-de-semana a todos. Hoje paro de trablhar as 16hs - afinal é SEXTA FEIRA!

Abs/Gerry

MILTON DE FREITAS

GURIZADA
Alguém tem o email do JORJÃO (Jorge Luis Merten DR.)? Do Fernando Siqueira Clavé (DR.) que estão voltando os emails? Do Jorge Sidirley Godoi Brasil? Do Vanusa (nem mais lembro o nome)? Paulo Juarez Beltrame ( o CAriocA) ?
Gracias
Milton De Freitas

ENG° JACOB CHAMIS

Força Mágica:

Que força é essa que nos une agora, tão fortemente.
Parece que as aulas reiniciaram, e todos estão comparecendo.
O tempo retrocedeu para nós e vamos explodir essas caixas de mensagens.
É ótimo aguardar o telefone fazer “tium”, informando novo e-mail. E é todo o minuto. Não parem.  
Estamos unidos, parecendo  sentados lado a lado em uma sala de aula espacial, conversando sem parar. E ninguém para mandar calar.
Não parem nunca, vamos destruir a Microsoft, Apple e tudo o resto. Vamos invadir o Pentágono. Vamos pelar o Papa (acho que me excedi um pouco).
Algo de magia, inimaginável em nossa época de máquinas de escrever, mimeógrafos, toca discos e gravadores de rolo.
Na verdade tudo igual, porém moderno. Escrevo em uma máquina instantânea, com carbono embutido, para várias cópias, sêlo e goma arábica incluso para enviar imediatamente qualquer mensagem, fonograma e carta. E receber de volta também na hora.
E cada um num canto do país ou do mundo.  Agora é hora de se manifestar dizendo estou vivo e vou falar.
Não vou nominar nenhum, mas estou observando todos. Quem ficar em silêncio, vai levar muito cascudo.
Cada um que se manifeste, pode ser “!!!” e assinar. Todos saberão que estamos unidos. Quem não escrever é moscão.

Caríssimo Aldo Luis Grassi.
Estou rolando pelo chão.
Genialidade ao extremo.
Sigam o exemplo dele e vamos governar juntos.

Abração,

Jacob Chamis

ENG° JACOB CHAMIS

Forças Armadas.

Foi o Exército Brasileiro que concluiu nosso período escolar. E vários colegas do Maria Rocha para o quartel se foram.
Servir a Pátria e entrar no exército foi como tomar cachaça ao contrário. Ressaca antes, alegria depois. Durante o período de servir, ressaca pura, para o resto de nossas vidas, prazeres de embriagadas lembranças.
Era  sacrifício e gozo, tristeza e alegria, decepção e emoção.
E tudo começou numa fria e chuvosa noite de inverno.
Vamos a Saican, Campo de Instrução do Exército em Rosário do Sul.
Viagem em ônibus leito? Lindo sonho.
Era o verdadeiro último ano do Maria Rocha, tipo Residência Médica, tipo Residência para a Vida.
Soldado, para a luta. O dever chama.E fomos, meia noite, todos na carroceria do caminhão, tipo filme de guerra, lado a lado, com armamento e tudo.
Banco duro, tempo feio, temperatura baixa. Talvez cinco horas de viagem.   
Verdadeiros homens no caminhão. Na frente, confortavelmente, como motoristas, duas bonecas, Marcelo Cóser e Marco Siqueira. Essa lição faltou a eles, pois sentar num pau duro, não gostar e aguentar é coisa pra homem. Eles ainda não provaram suas masculinidades.
Mas fomos. Minha cama, quanta saudade, meu doce lar, linda lembrança. E a viagem continuou sofrível. Nem piada, nem alegria. Dureza.
E finalmente chegamos. O que não foi nada, pois o pior estava por vir. Nenhum descanso e direto para a luta.
Grupos separados, bússola para o líder, orientação para o rumo. Garrafas de cachaça  distribuídas e uma galinha viva para a alimentação.
A cachaça durou 17 segundos e a galhinha 5 minutos. Pois era tanta chuva, tanto frio e tão alagado que a galinha, coitada,carregada pelos pés, ficou com a cabeça dentro d’água e morreu afogada. Foi a primeira baixa, era a morte a nos seguir nesse luta pela sobrevivência. Mas não há tempo para lamúrias e soldado não chora. Caminhamos durante toda a noite, sem rumo, tentando entender como sobreviveríamos.
Que tal descansar um pouco?. Como, que jeito, com água até os joelhos? Parar em pé, recostados uns nos outros, único modo. Chuva, frio, madrugada e mosquitos. Era um inferno siberiano.
E, finalmente, começou a clarear. Retomamos nossa caminhada rumo ao objetivo. Frio, sono, molhados e moral baixa, esse era o quadro. Soldado é superior ao tempo e inferior a merda, essa era a lição. E prosseguimos. Mas têm que melhorar, afinal aquilo alguma hora iria acabar. E fomos tomados por outras emoções. Estávamos juntos, éramos amigos, mesmo objetivo, mesma fome, tudo o que um sentia o outro também sentia. Éramos irmãos e isto era o suficiente. Vamos adiante, a vida que venha atrás. É maravilhoso quando se vê de um jeito melhor. Tudo parece ter solução.
Mais alguns quilômetros e avistamos um pequeno casebre, paredes de barro e telhado de palha. Era habitado. Inimaginável haver gente naquele fundão de campo. E nos aproximamos. E surgiu um casal de velhos. E nos receberam como amigos. E foram amáveis, sorriram e nos chamaram. E do pouco que tinham, tudo nos ofereceram. E ainda tínhamos nossa galinha já falecida, que em retribuição, oferecemos. A mulher juntou o pouco arroz que tinha e o homem a fazer o fogo. A refeição naquele fogo de chão. Bancos velhos e carcomidos nos ofereceram para sentar. O cheiro de comida, o ambiente acolhedor, a conversa e o calor. Isto é ser feliz. E ser feliz é tão simples. O horizonte, a chuva que ia embora, o sol rasgando a noite e a luz surgindo no céu, era muito lindo e era muito intenso. São cenas que não se repetem. Ver, viver, sentir e só. É o que basta.
Então percebo que quem mais dá mais recebe. Quem nada precisa tudo têm. Essas pessoas são a prova disso. Foi a bondade, prato principal servido, que verdadeiramente nos alimentou. O mundo não matará sua fome apenas com comida.
Aquele lição até hoje nos acompanha.
Aquele exemplo até hoje nos persegue.  

Jacob Chamis   

LUIS MAURICIO BELTRAME

As fotos que te prometi.
Afinal, poderão ilustrar  o "Livro do Encontro"!!!
Abraços!!!
Biu
Eu, Luiz Mauricio Beltrame, olhando para a câmera..



ALENISE POSSAMAI


Oi,Seria bom incluir ai neste Blog os Boletins aqueles com os nomes de todos.Que vcs acham??
Bjsss

Alenise Possamai 



VERA PINHEIRO

Bom dia, coleguinhas!
O queridíssimo Marcelo Cóser disse que a gente terá de apresentar os documentos. Pra não correr o risco de ser barrada, apresento os meus. E o título eleitoral que me autoriza a votar pra nosso presidente.
Abraços! E rumo a outubro! Mais um passo dado para estar na MR 73. Consegui licença do chefe pra matar a sexta e a segunda. Oba! Lá vou eu!
Vera

ENG° JACOB CHAMIS

Eternas Lições

Ensinar nos dias de hoje não é tarefa fácil.
Sempre exigidos, nunca valorizados e sempre culpados. Esse é o quadro. Nosso ensino vai de mal a pior. Nossos filhos em risco. O futuro comprometido. Professores desrespeitados, alunos abusados e protegidos, salários defasados, enfim gerações sem rumo.
Isso nos faz felizardos. Fomos educados, orientados, respeitados, bem ensinados. A nós, muito mais foi transmitido. E não se queixem os professores, pois foram amados e respeitados. Alguma rebeldia de nossa parte, algum abuso, mas jamais desrespeito. 
Para mim, relações intensas. Muito amor e ódio. Eu amor por elas, elas ódio por mim. Mas não posso me queixar, creio que todas me achavam belo, pois tudo o que eu fazia, sempre diziam: "Bonito, hem???? Acho que lá no fundo, mesmo me detestando, me amavam.
E é de uma dessas maravilhosas mulheres de minha vida que quero dizer algo.   
Sacrifícios, dedicação, carinho, comprometimento. Todas transmitiam isto, mas ela especialmente.
Era a Lueci Siqueira, mãe do Marco, que vinha de Rural.
Era nossa professora de matemática.
Era nossa grande mestre a ensinar os atalhos e segredos de disciplina tão nobre.
Era rígida sem perder ternura. Era disciplinadora sem ser mandona. Era amável sem ser mole. Era viajar em suas aulas.
Mas era em sua camionete Rural Willys que ela garbosamente atravessava a cidade.
Do itararé até o Maria Rocha, era uma viagem. Doce viagem para seus rebentos na companhia de tão valorosa mulher.
Quanto charme e que postura atrás do volante de tão rude veículo.
Foi a bordo dessa máquina que viu sei querido filho crescer.
Filho esse nunca protegido em sala de aula. Nem seu sobrinho Luis Fernando Ribeiro.
Ambos tratados a chicote para não parecer nepotismo cruzado.
E suas aulas, doces devaneios a nos transmitir com leveza e doçura matéria tão árida que  a partir dela virou minha paixão.
A matemática de tão exata dúvida nenhuma deixava. Era certo ou errado. Era tudo ou nada. Era ou não era.
Nada de talvez,ou quem sabe. Matéria objetiva e clara. Quem dera nossas metas e buscas assim fossem.
Teríamos certeza  do certo ou errado. Seríamos sabedores de nossas limitações e a partir daí corrigiríamos nossos erros.
Não haveria arrogância nem orgulho. Quem sabe ensina.Quem não sabe aprende. Os cálculos comprovariam nossos erros e acertos na vida.
Cada lição seria claramente compreendida, pois bastava refazer, corrigir e seguir adiante. E se poderia pedir ajuda e até colar caso necessário, como última alternativa. Mas as intolerâncias, as mazelas, as disputas bestas essas acabariam. Nada de segundas intenções e fim para “as aparências enganam”. Elas não mais enganariam. Ou era ou não era, bem simples.
Querer ou não. Amar ou não. Dispor ou não. Nada de vou pensar, acho que não vai dar, talvez eu não queira, acho que não devo.
Quanta dúvida que nos impede de crescer. Quanto medo nos deixa paralisados. Fomos feitos para ser. Para sentir e para viver. Tudo é muito passageiro, tudo é muito rápido, não podemos esperar, não podemos ter dúvidas. Ser, eis a questão, com o perdão de Willian Shakespeare. Isso é pura matemática, isso é tudo da Professora Lueci.