Nota: histórias coletivas sem nomes para evitar esquecimentos. O valor está na recordação dessas passagens. Não fornecemos óculos, mas a história é em 3D.(patrocínio Vassouras Bruxa Dourada, presente inesquecível para sua mulher que sairá voando numa delas).
SAPATO NOVO
Ter muitas roupas naquela época era coisa de príncipe herdeiro, tipo Charles da Inglaterra. Sapatos eram muito mais caros. O normal era um par para escola, tênis para esporte, sapato de domingo e os mais afortunados, pantufa de pelúcia. Esta última, mesmo sendo artigo para frescos, era muito confortável e quentinha. Eu sei pois roubei as de minha avó e a coitadinha entre gripes e resfriados morreu de pneumonia simples. Podia ter sido pior, pois a pneumonia dupla era muito mais grave. Mas enfim, como recordação, as pantufas até hoje carrego comigo na praia, serra ou campanha. Mas volto ao assunto, pois divagando, desviei-me do tema principal, os calçados.
Eram os sapatos do colégio, instrumentos inicialmente projetados para apenas andar, que maravilhosamente serviam para jogar futebol. E que jogo! Antes do inicio das aulas, ali na Praça Saturnino de Brito a apenas uma quadra do Maria Rocha, entre brilhantes e vagabundos alunos, todos ficavam a jogar bola com seus lindos e únicos sapatos que eram parte integrante do uniforme escolar. Quando alguém aparecia de sapato novo era batismo seguido de pisão com a sonora frase, "padrinho e madrinha". Coitado que rapidamente já não tinha mais um impecável e lindo calçado, pois entre 10 estrelas do colégio, 9 batizavam seus pisantes. Mas voltemos ao jogo, que era constituído de 2 times, 5 para cada lado e um único e solitário goleiro. Era assim pois a quadra de apenas 2 metros por 3 metros não comportaria 2 goleiras que até nem existiam. A tela da pracinha servia de goleira e a rua, continuação da quadra, muitas vezes era parte integrante do jogo. Quando a disputa ficava muito acirrada, o trânsito era interrompido e o bochincho se deslocava para a calçada oposta ou as vezes descia a Duque de Caxias rumo a destino incerto. E os pobres dos sapatos eram em poucos jogos totalmente destruídos. E por castigo com os mesmos ficávamos por um bom tempo até que, em alguma data festiva, fossemos presenteados com um novo par de um Vulcabrás, ou sete Léguas qualquer. O problema era ficar por longo tempo com o que já estava totalmente destruído. Inclusive tínhamos colegas que pintavam todos os dedos dos pés de preto, pois o sapato nem bico mais possui depois de tantas partidas de futebol, antes da aula. O asfalto era cruel e devorava nossos sapatos. Durante os jogos, os que ficavam de fora, os reservas, subiam nos bancos da praça e de ouvidos atentos a ouvir a sineta, gritavam para o final do jogo que a aula já iria começar. Em disparada iniciávamos o deslocamento, apressados, em direção ao Maria Rocha em busca de nossos lugares na sala aula, onde invariavelmente chegávamos atrasados. E a camisa sempre desabotoada, o cabelo em desalinho, as calças semi arremangadas e os sapatos, coitados, sempre liquidados. A recomposição somente lá pela metade do 2º período. Alguns mais "Don Juan" carregavam na pasta um potinho de fixador capilar, vulgo "Gumex" para, ao colocar no cabelo, se apresentarem mais sexy caso alguma situação exigisse. E era muito engraçado olhar aqueles cabelos lambidos parecendo a ponta de uma vassoura de piaçava. Outro problema era fazer o coração retroceder a pulsações normais e regulares, pois no momento da brusca parada para sentar a cadeira da sala, o batimento já havia atingido a 200/min. Nem a mão conseguia segurar a caneta e a tremer, saltava para a classe do vizinho. Mas isso era no verão, pois no inverno, graças a pequenas e regulares doses de cachaça, no bar da esquina, o pulso facilmente ficava firme, dando a impressão que o batimento era normal e as aulas doces e saborosos saraus, onde todos eram bons companheiros de mesas individuais de um bar qualquer e as moças doces donzelas aguardando serem tiradas para a próxima dança. Mas que borracheira.
MAS QUE BARBARIDADE!!!!
Jacob Chamis
Além do Vulcabrás e Passo Doble, que eram chics na época, havia um todo de plástico, da marca Verlon, o qual usei muito!!!
ResponderExcluirMas no futebol nunca fui bom. Cheguei a iniciar uma breve carreira de goleiro, que era só onde me deixavam jogar, mas desisti logo, pois cair naquelas quadras de asfalto ralava muito!!!
Abraços!!!
LMB
Tá chegando a hora....!!!!!
Grande Jacob! praticamente um Veríssimo Santamariense e Mariarrochano, parabéns pelas crônicas , das quais imediatamente passo a ser um fâ e admirador, se já não como amigo e colega!
ResponderExcluirUm grande abraço, sucesso!
Henrique Ustra Soares
Amadas e amados,
ResponderExcluirAcabei de enviar uma das maravilhosas crônicas do magnífício, dadivoso, magnânimo, espetacular, talentoso - e queridinho da gente - Jacob Chamis para o jornal A Razão. Deve ser publicada na edição de sábado, 5, o dia do nosso feliz reencontro. O jornal vai vender mais que pão quente! Que barbaridade!
Beijo todos com carinho,
Vera Pinheiro
(com o coração na boca e olhos marejados de tanta emoção!!!)
Vera Pinheiro
Que legal!!!
ResponderExcluirMuito merecido!!!!!
Bjssss
Alenise
Que maravilha!
ResponderExcluirFico inebriada com os textos do Jacó.....e todos que leem acham muito bons, até perguntam qual a formação dele? Esta guri saiu melhor que a encomenda!
Abraços , Rejane
Maravilhosa notícia!
ResponderExcluirPresentão de 40 anos para todos.
Obrigada Verinha.
Obrigada Sr. Presidente, por nos alegrar a alma.
Bjs
MHelena
Gumex, hahahaha, muito bom, precursor do gel, quem lembra da propaganda?
ResponderExcluirDURA LEX SEDE LEX, NO CABELO SÓ GUMEX!!
Aldo Luiz Grassi