A vida é feita de sentimentos e emoções, a começar pelo amor, sentimento nobre, complexo, indispensável e construtivo. A afeição, sentimento de apreço, consideração, respeito e estima. A paixão é fascinação, atração, arrebatamento, fascínio, êxtase constante, chama a queimar e explosivo delírio. A amizade, cumplicidade extrema, grande camaradagem e muita fidelidade. Existem tantos outros bons sentimentos que na vida nunca podem faltar. E finalmente o ciúme, e é dele que agora escrevo e descrevo sobre todos os seus desdobramentos.
Junto com o ciúme sempre vem a lhe fazer companhia, a admiração, pois, a ser nobre, não pode nunca nem jamais ser comparado a inveja. Este um sentimento baixo, destruidor, corrosivo, covarde, depressivo e altamente perigoso, por invariavelmente levar a inescrupulosa vontade de que o outro perca o que a inveja obriga querer. O ciúme, ao contrário, é puro anseio, é muito querer, é o apreço por algo que alguém possui, é incentivador, alimenta desejos impulsiona o crescimento interior criando aspiração e vontade de também possuir o que causou esse sentimento. É querer conquistar aquilo que o ciúme faz desejar. E pelo bom ciúme, a estimular anseios, passo a compartilhar os meus profundos e consagrados segredos.
E aí vão alguns desses ciúmes que, ao longo de minha doce vida, sempre me acompanharam. E já começo pela cadeira de rodas do Chico Cóser, perna fraturada, que a ganhar carinho e atenção, despertou uma vontade de pelo menos ter furúnculo no joelho para, sentado em cadeira igual a sua, ser também tão bem cuidado. E do Marcelo Cóser, e seus irmão, o que dizer das magníficas viagens no confortável ônibus do Expresso Medianeira, Linhais, digo Linha12, a deslizar suavemente até o Patronato, no fim de cada dia de aula. Imaginava que ao ir para casa a pé, morando tão perto do Maria Rocha, jamais desbravaria novos caminhos como eles assim faziam. O mesmo acontecia com o Marco Siqueira e o Luis Fernando Ribeiro que, melhor que os Cóser, também iam longe a desbravar Santa Maria, porém a lhes servir de chofer particular tinham uma das mais queridas professoras do colégio. Era o limite supremo do intolerável. E do Rui Alberto, tendo sua grandiosa mãe a mira-lo com seu meigo olhar, na hora do recreio, a verificar se nada faltava na merendeira de seu querido rebento. E do Asdrubal, menos conhecido por Kimura, o bonito, que com sua bossa arrancava suspiros das raparigas por onde passava e ainda era o protegido da professora Gláucia. Do João Luis e José João, ambos Appel Mattos, por serem irmãos que, juntamente com o João Cacaio, moravam em um edifício que tinha elevador. Imagina ir para casa, que ficava nas alturas, e ser içado por veículo de tecnologia tão avançada. Ainda bem que eu não tinha colega que morava no Ed. Taperinha, senão era suicídio anunciado. Do Kida, do Norberto e do Carlos Fox Eugênio, muito ciúmes pelo fato de terem lindas irmãs, pois por serem da mesma linhagem já teriam garantida a beleza eterna e ainda ficavam sabendo, pelas irmãs, o que suas amigas deles pensavam. E do Claudio Roth que por ser filho do Ives, distribuidor da Brahma, a sempre ter cerveja gelada em casa. Do Gilberto, o Lang, pelo fato de ter irmão mais velho, o que era eterna segurança em qualquer emergência, além de ter a melhor mãe, que para mim muito carinho dispensava. Do Ênio, esse sim era ciúmes ao cubo, pois além dos irmãos mais velhos e das belas irmãs, sua família era proprietária de enorme panificadora, garantia total do pão nosso de cada dia sempre novo e quentinho. Do Vollino, por sua Fubica tão versátil e linda a nos levar do mundo de Disney, tipo carro do Pato Donald, a época de Al Capone, tipo carro de gangster. Dois universos em apenas um veículo. Do Doval, Pasquotto, Aroldo, Santini, Luis Mauricio e Ricardo Reis, pelo grande apetite pelos estudos a passar tardes e noites enfiados nos livros, brilhante programa, que eu não conseguia aproveitar, por sempre aprender mais rápido que eles. Que vontade de ter vontade de viver estudando. Mas Deus não me deu essa dádiva. Do Gerry Casca Corino que tinha policial na família, garantia extra de liberdade, e uma grande estofaria a lhe proporcionar sofás constantemente reformados, em sua casa, diferente dos meus, sempre a consertar. Do Euclésio, vulgo Piá, vindo do interior, podendo passar férias em Sobradinho, lindo lugar, e eu na cidade grande, Santa Maria. Do Papandreus e seu casacão de urso, usado como armário embutido que nele sempre o que precisasse encontrava em uma das prateleiras, digo, bolsos. Do Jorge Petry e do Marcos Edward, o Pitoco , que por serem menores, mais próximos do piso, sempre encontravam moedas perdidas no chão. Do Werberich, Verney, Merten e Caturra, pelo contrário, com boa estatura, sempre enxergavam mais longe. Do Flávio Jesus Rodrigues, ciúmes extra por carregar o Senhor no próprio nome, garantia de salvo conduto na Santa Sé. Do Paulo Fração pelo respeito que seu sobrenome causava nas aulas de matemática, pois já vinha acompanhado de numerador e denominador. Do Aldo Grassi, Nabor, Mario Grassi e Plínio Silveira, por sua falta de peso que tão elegantemente cabiam em roupas da seção infantil, sem nenhuma gordura excedente. Do Ayrton Schneider que desde a tenra idade já usava gírias tipo “cara” a frente do seu tempo. Do Lucio Binato, por tocar em conjunto musical, mesmo desafinado e do Clóvis Menezes pertencente a outro conjunto, lá por Santa Cruz do Sul, a embalar a Oktoberfest e ganhar chopp grátis, embora a condição fosse cessar de tocar.
Mas em especial, por ser totalmente arrebatador, meu maior sentimento de ciúmes era dos vestidos de todas as meninas colegas, belas, charmosas e sensuais, que a roçar em seus lindos corpos, balançando com qualquer brisa, as tocavam carinhosamente o tempo todo, a cada movimento, escondendo apenas para si, seus lindos e insinuantes contornos.
Mas descubro que, mesmo sem saber, naquela época, era de mim que todos muito ciúmes sentiam, pois jamais, em tempo algum, alguém tanta amizade, respeito, carinho e admiração a tantos soube dar. Também pelo meu jeito simpático, por ser bonitinho e pelo excesso de charme, desde o berço a carregar no próprio sobrenome, Charmis, inteligente, forte, musculoso, atencioso, comedido e tantos outros atributos que me cansaria enumera-los e caberiam em um livro. (mas que sucesso).
E que se calem os covardes e entreguem aos loucos de ideias o controle do mundo. QUE BARBARIDADE!!!!!!
Jacob Chamis
Olá, a todos,
ResponderExcluirsempre quieto aqui atrás da tela do meu PC, me remeti através de lembranças a uma época que entendia como passada e esquecida e me emocionei muito a cada texto do Jacob Veríssimo Chamis, ao perceber como foi legal por ter convivido e, olha só, até ter sido protagonista em algumas estórias, com vocês.
Espero encontra-los dia 5 para poder dar um forte abraço em cada um vocês!
A missão agora é encontrar um jeito, uma forma de fazer com que este contador de estórias maravilhoso continue a nos emocionar depois de sábado!
Sugestões são bem vindas!
Abraços gerais e irrestritos
Claudio Weissheimer Roth
Só tu mesmo, para transformar o ciúme em algo tão divertido.
ResponderExcluirAté sábado, guri.
M Helena
Jacob para a Academia Brasileira de Letras!
ResponderExcluirTem cada uma nesse texto!
Como é bom recordar de forma tão divertida e poética.
Eu só não sabia que tu botava o olho nas minha manas, seu danado!
Grande abraço a todos!
E o sabadão vem aí!
Aquidaban - Kida
Jacob
ResponderExcluirNem sei mais o que dizer dos teus escritos. Talvez o melhor a dizer, com a tua licença é claro, seja que além do prazer em lê-los, nos causam muitos CIÚMES também, por não sermos nós que os escrevemos.
Parabéns pelo teu talento em escrever, que reconheci desde os primeiros emails. E também pela tua modéstia, tão bem demonstrada nos parágrafos finais desta crônica.
Um abraço, que será entregue pessoalmente neste fim de semana.
LMB
Não consegui não me manifestar!!!
ResponderExcluirAgora sim, o Jacob EXTRAPOLOU, é o fim mesmo!!!! Mas que barbaridade!
Os quarentões estão bombando no 16º Encontro!!
Abraço a todos
Myrian Krum
Jacob para a Academia de Letras! Estou votando!
ResponderExcluirDessa vez você se superou MESMO!
Fui lendo ansiosa (e quase furiosa) até o final, para ver se não ia sobrar nem uma pontinha de ciúme para as meninas!
Já estava me preparando para escrever uma réplica em protestos efusivos!
Ai, que alívio! Você se salvou de boa!
"...meninas colegas, belas, charmosas e sensuais, que a roçar em seus lindos corpos, balançando com qualquer brisa, as tocavam carinhosamente o tempo todo, a cada movimento, escondendo apenas para si, seus lindos e insinuantes contornos."
Obrigada pela parte que me toca, Senhor Charmis!
Christina Trevisan
E eu morro de ciúmes da tua modéstia...kkkk. Lindo de novo e cada vez mais.
ResponderExcluirVera Pinheiro!