Nota:
É essa
chuva que não para. É essa febre que não passa. É a vida saindo por todos os
poros, e a morte que a tudo assiste. Sempre foi assim, onde existe vida a morte
ronda, quando a morte vem, nova vida surge, o tempo todo, para sempre e, por
necessidade. Pinçar cada frase, engolir cada palavra e do entendimento o texto
nascerá, a incompreensão morrerá. Somente semente, vida, apenas.
MORTE
E VIDA
Todo o dia novo dia começa. Toda noite esse novo dia termina.
Tudo que acaba é um novo que velho se foi e nunca mais retornará. É menos dia
de cada vida. Tudo passa. Tudo se vai. Nada é eterno. Nada fica. Tudo é
efêmero. Toda a vida é passagem. Ninguém é nada se não viver. Nada fica se não
há luta. Somos consequência de nossas atitudes. Atitudes nem sempre seguem
convicções. Pagamos o preço de nossas incoerências. Seguimos dependente de
nossas lutas. Lutamos contra nós, aliados as nossas fraquezas. Morremos
tentando ser coerente vivendo a luta de cada convicção. Somos a coerência das
incoerências. Somos nosso próprio poço com dúvidas até o pescoço. Vivemos nossa
luta para tudo descobrir. Nada veremos se nada enxergar. Um dia nossa morte
chegará. Nossa eternidade enfim chegará. A vida breve a morte eterna
traz, e para a morte breve, se nos preparamos, nossa vida levamos eterna. Do
contrário devemos desistir. Do contrário não devemos resistir. Somente a busca
algum sentido traz, apenas a procura alguma lógica possui. Sempre intensamente
viver, somente serenamente morrer. E quando ela, nossa morte chegar, que
nos encontre pleno, que nos leve pronto, que nos veja todo, que nos faça sono,
que nos mostre a hora de não mais existir e por não restar nenhuma outra
alternativa que, por completo, nos leve, enfim. Que no exato momento de nada
mais acrescentar, nada mais somar e nada mais sonhar, tudo dela iremos almejar.
Nossa ida é nosso futuro. Nossa viagem só de ida será. Nossa morte é nosso
destino. Se tudo fizermos, nesta vida, então estaremos prontos, estaremos
vivos, para morrer. Antes disso, muito a fazer, muito a viver. Nossa passagem
pela vida deverá ser intensa como se durasse toda eternidade, esperando a morte
que será então breve, pois irá assim parecer. Entender a morte é ser eterno, se
prender a vida é ser breve. De nada vale vida que apenas passa, de tudo vale se
por ela todos intensamente passarem. Se por ela tudo passamos, por nós ela não
passa, então existimos, não apenas assistimos. Viver é não temer morrer.
Crescer é não permitir morrer. Lutar é não querer morrer. Amar é se deixar
morrer. E de tudo, só amar importa. E em tudo temos a morte. E da vida seguimos
nosso norte. E sempre em direção a morte. Da morte, renovação. Da vida, envelhecer.
Tudo tem sua própria hora e tudo tem de ser agora. Nosso momento é agora. Tudo
fazer agora, tudo morrer na sua hora. Somos o que de nós esperamos. Seremos o
que de nós desejarmos. E cada qual que sinta por si. E, então, assim será,
assim serei.
Nas minhas viagens, por pura emoção, em busca de mim mesmo, ao
encontro do fundo de meu ser, como a navegar em um rio caudaloso, fico a mirar
sua curvas em sua disparada corrida em direção ao seu fim, em busca de seu mar,
a me perguntar se sua intensidade tem a ver com vidas que de seu leito eclodem
e se suas mortes mantém o que de mais vivo ele encerra. Será sua vida
dependente de todas as suas mortes? Tudo de tudo se faz sem que por nenhum
segundo vida e morte simultaneamente deixem de acontecer. Sempre que ambas
estiverem ocorrendo o equilíbrio natural, absolutamente, estará prevalecendo,
se tornará salvo, se manterá vivo, pois de nada vale a vida senão seguida pela
morte que assim abrirá caminho para nova vida. Para que uma encontre a outra
sempre serão necessárias todas as contrariedades em tudo, pois também no
contrário se acha novamente o equilíbrio. Hoje será meu dia de morrer. Por esse
dia tanto esperei, pois é dele que, de tudo, amanhã renascerei e apenas assim,
por sempre ser assim, para minha vida muito ainda acrescentarei, para no futuro
com muita paz ei de, finalmente, poder morrer. Que se viva a vida, apenas,
profundamente, unicamente, com toda intensidade, do contrário, pode ser
tarde.....simplesmente, tarde;
Jacob Chamis
A sugestão de ler e interpretar cada frase isoladamente não foi à toa. E indispensável, eu digo.
ResponderExcluirNão por incoerência entre elas, estão todas ligadas à proposta, mas porque cada uma diz muito, e é um desperdício não explorar os seus conteúdos conceitualmente, e não só contextualmente.
Nesta ocasião o texto não vem com expectativa de comentário ou de retorno porque é essencialmente reflexivo. É um texto só de ida, como é apresentada nele a direção da vida. Seu valor está na identificação de quais frases consigo mais se relacionam, e que delas se possa tirar o maior proveito para melhorar o caminho e o fim.
Assim eu me proponho a percebe-lo e a usa-lo. Obrigado por ele!
Um abraço,
Marcelo Cóser
"Amar é se deixar morrer."
ResponderExcluirBom Jacob, eu li o texto assim que ele foi postado. Estou até agora enrrolando, enrrolando, pra escrever, para não escrever. O que eu poderia escrever, tem muito a ver com crenças pessoais, que certamente não são compartilhadas por todos.
Muito bom o texto, reflexo do nosso monento.
Amanhã, vamos ver se me inspiro e escrevo.
Bjs a todos.
M Helena
Preciso de um tempo.
ResponderExcluirPreciso de silêncio.
Tempo e silêncio... então, talvez eu consiga organizar o caos para poder comentar alguma coisa.
Ou então, talvez, o caos me desorganize e eu resolva apenas viver intensamente.
Amanhã...
Beijão,
Chris