Nota: Essa é sem aviso e de sopetão, só para não perder o jeito. É sobre nossas maneiras, nossas coisas, enfim nossa vida nesse imenso país. E será em forma de capítulos. E desde já desejo que sejamos todos muito felizes nesse primeiro próximo ano do reinicio de nossos encontros. E que bom que ainda somos crianças e o futuro que nos aguarde, pois ainda tem muita coisa pela frente. E aqui vai:
Nós, Os Brasileiros
Como não iniciar desejando a todos o que de melhor a vida possa proporcionar em cada dia deste ano que agora começa. Como não começar tentando dizer que, sem nenhuma explicação lógica, eu sumo da tela sem ao menos escrever desejando ou explicando qualquer coisa. Como não olhar para trás e sentir profunda vontade de ter abraçado um por um e perto de cada ouvido ter dito uma simples frase que demonstrasse o quanto os quero bem.
Mas é do principio que qualquer coisa começa e do seu inicio chegaremos onde desejarmos, pelos caminhos que escolhermos trilhar.
E no meu começo digo que, tentando adiantar cada dia de trabalho que eu deixaria para trás e, numa tentativa desesperada de não esquecer nenhum detalhe que comprometesse o futuro de minha nada grande nem pequena empresa de meus sonhos, trabalhei muito para partir ao velho continente num período de 20 dias finalizados nesse final de domingo, a ponto de não saber o que fazer para despedir, desejar ou simplesmente dizer um até breve a todos os que me rodeiam ou que pertencem a esse meu lindo louco mundo. E foi assim, partindo sem ter ido, voando sem tirar os pés do chão e sumindo sem deixar meu rastro que eu viajei para uma estação qualquer em busca do que ficou, a procura do que perdi (não imagino onde nem quando) tentando trazer de volta o que sei estar escondido dentro de mim. E me trazendo de volta trouxe o que considero ser a identidade de cada um que pertence a esse imenso e querido país que somos todos Nós, Os Brasileiros.
Casualmente, lendo uma matéria sobre a infelicidade de um repórter que, sofrendo um assalto, teve seus equipamentos roubados, não pude deixar de enxergar que, em seu justo desabafo, a maior de todas as infelicidades foi sua frase, quase de efeito, que disse ser "O Brasil é um país que não deu certo". Assalto injusto, trágico e desgraçado. Frase infeliz, indelicada e estúpida. Pois sim, nós somos um grande país que deu muito certo. Estamos, como uma criança, completamente atrapalhados, inseguros e imaturos, mas já demos muitas provas que deu certo. E vamos começar por definir nossa raça. Quem somos? Somos todas as raças, somos uma doce mistura onde o italiano de olhos puxados se mistura ao japonês de cabelos loiros, o alemão ariano de Hitler se apaixona pela judia do gueto de um Bom Fim qualquer e a muçulmana empresta o véu que cobre seu rosto ao ateu de olhos claros que tenta esconder suas feições gastas pelo tempo. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse primeiro quesito já estamos dando certo.
E de nossos regimes? O que dizer do golpe que implantou uma ditadura qualquer, nascida num 1º de abril insignificante, que teve sua derrocada sem violência, sem que fosse disparado nenhum tiro ou bomba, dando lugar ao regime democrático reconquistado, derrubando o que nunca deveria ter sido alçado ao poder. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse segundo quesito já estamos dando certo.
Nem tudo são flores, pois temos falhas estruturais, vergonhosas, onde a justiça tarda e falha e manifesta debruçada sobre leis inapropriadas e contraditórias. Sim, pois é no absurdo das argumentações que o mesmo parágrafo da lei que condena é usado com a maior safadeza para absolver.
O pior é constatar que são dúbias para confundir, atrapalhar. E pior ainda é saber que quem as fez não é incompetente ou incapaz. E tanto pior ainda é saber que não fizemos justiça, fizemos negócios entre melhores ou piores oradores do direito. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse terceiro quesito precisamos mudar e vamos dar certo.
No velho mundo, vemos progresso, riqueza, competência, tecnologia, conforto e organização coletiva. Aqui vemos riqueza concentrada, competência desperdiçada, tecnologia importada, conforto a preço elevadíssimos e desorganização coletiva. Enquanto na Europa o transporte de massas funciona e atende todas as classes sócias, rápido e confortável, aqui se incentiva o transporte individual, com elevadíssimos gastos públicos, para criar a tal de mobilidade, que é individual, urbana. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse quarto quesito precisamos mudar e vamos dar certo.
Nos meses de junho e julho passados fomos as ruas como uma criança que, querendo crescer, se aventura em sair sozinha de casa. Fomos organizados, objetivos e orgulhosos de nosso amadurecimento. E devemos repetir até que os marginais de plantão que tentaram atrapalhar, protegidos pelas autoridades, sejam varridos das ruas como ratos de esgoto que devem ser dizimados e aniquilados. E foi bonito acompanhar essa nossa tentativa de crescimento e maturidade. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse quinto quesito já estamos dando certo.
Precisamos compreender que nesse momento mais importante que ser de esquerda ou ser de direita é ser de cente. E quem atrapalha não é o povo que, sendo extremamente zeloso e correto, paga até carnê da Imcosul em atraso. São as elites que historicamente, tentando sempre levar vantagem, atrapalham e prejudicam até que sejam seus escusos objetivos alcançados. E também tem os neuróticos de plantão que tentando ver sujeira e caos em tudo que acontece, fazem a política de terra arrasada pensando ser essa a melhor saída. Protegemos os que roubam, acusamos apressadamente, prendemos os ladrões de galinhas e inocentamos os escolhidos da mídia, que também julga pelo critério que lhe melhor convier. E nessas todas apenas o poder determina o rumo. E das ruas nascerá o melhor caminho. E todos estão cientes da correta solução. E todos já estão aprendendo essa lição. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse sexto quesito precisamos mudar mas já estamos dando certo.
De nossas manifestações populares e vida coletiva, somos os melhores, pois não há sexta-feira melhor que as nossas, não há carnaval mais espetacular, não há alegria mais espontânea, não há futebol mais acrobata, não há humor mais refinado, não há sensualidade mais estampada, não há amigos mais companheiros, não há aglomeração mais divertida, nem praias tão lindas, nem campos tão abundantes, nem plantações tão espalhadas, nem indústria tão ávida em crescer, é só deixar. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse sétimo quesito já estamos dando certo.
De nossos heróis prefiro um outro capítulo, pois sendo o Deodoro gay, D. Pedro I almofadinha, D. Pedro II atrapalhado, e Getúlio grosso feito dedo destroncado deveremos pesquisar melhor para saber se precisamos alterar a forma de recontar a história do Brasil. Sem falar dos militares que tentaram se transformar em heróis e somente conseguiram virar nome de logradouros. Assim somos Nós, Os Brasileiros e nesse oitavo quesito já estamos nos divertindo.
Mas repito com todas as letras, antes de ser de esquerda ou de direita, sejamos DE CENTES.
Mas que barbaridade!!!!!!!!!!
Jacob Chamis
Bom dia a todos!
ResponderExcluirDepois de doze dias com visitas em casa ( Morar no Rio junto a praia é muito bom mas pode dar nisso, né mesmo?rsrsrsrsrs), volto a ler todos os emails particulares completamente e me vejo de boca aberta com textos bábaros do Jacob, da Chris, das idéias do Kimura (pode????!!!) - enfim tudo que poderia ser bom estava ótimo.
Parafraseando minha colega Rigão, Verinha ou o poeta Canellas abaixo, lembrei de umas siglas que foram usadas para caracterizar as músicas, poesias e causos gaúchos na década de 90- por uns loucos do Alegrete:
LB - loco de bom!
LE - loco de especial!
UB - uma bosta!
Voces estão e são LE !
Ah, Kimura - parabéns pela idéia - to junto!